Teste de míssil pode abalar relações da China com Ocidente

EUA se dizem ´preocupados e em estado de alerta´; governo chinês não confirma realização de teste e afirma ser contra qualquer tentativa de militarização do espaço

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Por Agencia Estado
Atualização:

A China realizou com sucesso seu primeiro teste com uma arma anti-satélite na semana passada, provocando reações em Washington e em outras capitais. Funcionários do governo norte-americano disseram à CNN que o experimento pode prejudicar as relações da país com o Ocidente, pois representa uma importante ameaça. De acordo com um porta-voz do Conselho Nacional de Segurança, o míssil lançado do Centro Espacial Xichang, no último dia 11, atingiu um antigo satélite meteorológico chinês, que orbitava a 800 quilômetros da Terra. Em tese, o teste significa que a China tem agora capacidade de atingir também satélites de espionagem norte-americanos. Os EUA já manifestaram oficialmente sua posição, por meio de um protesto diplomático. "Nós estamos preocupados e em estado de alerta", disse o porta-voz da Casa Branca, Tony Show. "E queremos deixar isso bem claro". De acordo com a agência Reuters, o porta-voz do Ministério do Exterior chinês, Liu Jianchao, se recusou a confirmar a realização do teste. "Eu não posso dizer nada, eu realmente não sei", disse. "O que posso dizer é que, como princípio, a China defende o uso pacífico do espaço e é contra qualquer tipo de corrida armamentista". Um funcionário do governo dos EUA, que não quis se identificar, afirmou que esse foi o primeiro teste bem sucedido após três tentativas. Ele disse ainda que sensores espaciais confirmaram que o satélite atingido não está mais em órbita e que a colisão espalhou "centenas de pedaços", que estão sendo rastreados. Outros protestos O governo australiano pediu nesta sexta-feira uma explicação à embaixadora chinesa no país, Fu Ying, sobre o teste realizado na semana passada. "A Austrália quer explicações sobre a natureza do incidente e o perigo dos restos deixados pelo experimento", disse o vice-secretário do Departamento de Relações Exteriores, Peter Grey. Fu afirmou que pedirá informações a Pequim. Segundo um porta-voz da residência oficial do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, Londres também manifestou sua preocupação com o recente teste. Assim como os EUA haviam feito, as autoridades britânicas queixaram-se do fato de a China não ter divulgado nenhum aviso prévio a respeito do experimento. Na Rússia, o ministro da Defesa, Sergei Ivanov, manifestou dúvidas em relação ao lançamento do míssil anti-satélite chinês e disse que o país é contra qualquer tentativa de militarização do espaço. Japão, Canadá e alguns países asiáticos também criticaram o teste e expressaram sua preocupação a Beijing. Antes da China, apenas Rússia e EUA haviam sido capazes de destruir naves espaciais em testes anti-satélite. O governo Bush resiste à idéia de um tratado global proibindo testes como esse, alegando que precisa de liberdade de ação no espaço.

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