Testemunha acusa Saddam de ter enterrado curdos vivos

Ex-presidente iraquiano e seis de seus colaboradores são julgados pelo genocídio contra o povo curdo, na década de 1980

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Por Agencia Estado
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Uma testemunha curda assegurou nesta segunda-feira que as tropas do ex-presidente iraquiano Saddam Hussein enterraram seus parentes vivos durante a campanha militar de Al Anfal, na década de 1980. A afirmação foi feita durante a audiência do julgamento de Saddam e seis de seus ex-colaboradores. A 13º audiência do julgamento de Saddam está sendo realizada nesta segunda-feira. Nela, os sete ex-responsáveis são acusados de genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade em relação ao povo curdo no norte do Iraque. A mulher, que falou por trás de uma cortina, assegurou: "Eu sei o que aconteceu com os membros da minha família, foram enterrados vivos em valas comuns pelo Exército iraquiano". Na audiência desta segunda-feira, a equipe de defesa não se apresentou na sala, devido ao boicote ao processo que começou há três sessões, em protesto contra "a intromissão do Governo" no julgamento. A intromissão aconteceu depois da destituição do juiz responsável pelo caso, em setembro, quando ele afirmou que Saddam "não era um ditador". Saddam Hussein e seus assessores são julgados neste processo pelos massacres cometidos entre 1987 e 1988 na operação Al Anfal nas regiões curdas do nordeste do Iraque. Entre os seis ex-colaboradores iraquianos julgados com Saddam está Ali Hassan al-Majid, o "Ali, o químico", primo do ex-presidente e responsável pela Zona Norte do Iraque durante a campanha Al Anfal. Segundo números fornecidos pelo procurador-geral do Tribunal Penal Supremo, mais de 180 mil curdos foram assassinados ou desapareceram durante a campanha, que coincidiu com os últimos dois anos da guerra entre Irã e Iraque, entre os anos de 1980 e 1988.

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