Testes de mísseis chineses preocupam países vizinhos

Japão diz que explicação chinesa sobre testes de mísseis anti-satélites é insuficiente e Taiwan reafirma sua preocupação com segurança no país

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Por Agencia Estado
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O governo japonês pediu nesta segunda-feira à China uma explicação "a fundo" sobre o lançamento de seu primeiro míssil anti-satélite e qualificou de "insuficientes" seus recentes comentários, após cinco dias de silêncio oficial. O governo também de Taiwan reafirmou sua preocupação com o rápido aumento do número de mísseis chineses apontados para a ilha O porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores chinês, Liu Jianchao, assegurou nesta terça-feira que esse lançamento não significa que Pequim tenha a intenção de iniciar uma corrida militar espacial. "A China não tem nada a esconder, não ameaçamos nenhum país", afirmou. "Informamos ao Japão e aos Estados Unidos ao ver sua preocupação. Se querem saber mais, que perguntem", disse. Em resposta, o ministro porta-voz do Executivo japonês, Yasuhisa Shiozaki, qualificou a explicação de "insuficiente". "Para o Japão, a decisão de destruir um satélite com um míssil balístico gera uma preocupação profunda sobre o uso seguro do espaço e o ponto de vista da segurança nacional. A explicação da China é insuficiente", apontou. "O fracasso da China em assegurar transparência neste assunto só levará a suspeitas", indicou Shiozaki. "Não é suficiente dizer apenas que se realizou um experimento. É natural que o Japão continue exigindo uma explicação a fundo." No entanto, a China ainda declarou nesta terça-feira que havia avisado a comunidade internacional sobre os testes. Segundo as agências de espionagem americanas, a China disparou com sucesso no último dia 11 seu primeiro míssil anti-satélite para destruir um velho satélite meteorológico. O míssil balístico de alcance médio, com base em terra, foi disparado do Centro Espacial de Xichang, na província central chinesa de Sichuan, e destruiu um velho satélite situado a mais de 850 quilômetros de altitude. Com o lançamento, o gigante asiático se transforma no terceiro do mundo a efetuar este tipo de teste, depois dos feitos na década de 80 pelas superpotências da Guerra Fria: EUA e União Soviética. A nova arma indica que China a pode derrubar satélites de espionagem de outros países, o que gerou temores especialmente nos EUA e no Japão, frente a uma possível corrida armamentista espacial. Taiwan se preocupa O governo também de Taiwan reafirmou sua preocupação com o rápido aumento do número de mísseis chineses apontados para a ilha, que chegam a 900, e considerou que o crescente poderio militar chinês é um sério perigo para a paz na região. "Os relatórios sobre testes chinesas com um míssil capaz de destruir um satélite mostram que a China atua como uma superpotência militar, o que é ruim para a segurança regional", disse o porta-voz governamental, Cheng Wen-tsang. Relatórios do Pentágono, citados por funcionários taiwaneses, afirmam que a China mantém 900 mísseis perto de Taiwan. O governo taiwanês tem anunciado sua preocupação com o perigo militar chinês. A China considera a ilha como parte de seu território. Taiwan, por sua vez, se declara um país soberano e independente, herdeiro da República fundada em 1911 e que transferiu sua sede para Taipei, em 1949, após a derrota de seu Exército para o do Partido Comunista, liderado por Mao Tsé-tung.

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