Tibete é problema doméstico da China, diz Dalai Lama

Em entrevista exclusiva à BBC, líder disse que políticas de minorias étnicas da China são um 'fracasso'.

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Por BBC Brasil
Atualização:

O líder espiritual tibetano Dalai Lama afirmou à BBC que a situação do Tibete é um problema doméstico da China. A declaração, feita durante uma entrevista exclusiva ao Serviço Chinês da BBC, pode oferecer um novo caminho ao entrave nas negociações entre ele o governo chinês, paralisadas desde ano passado. "O governo chinês considera nosso problema uma questão doméstica. Nós também", disse. O Dalai Lama vem fazendo campanhas por uma "autonomia significativa" dos tibetanos, mas as negociações terminaram no ano passado com acusações de Pequim. Depois de uma série de protestos e confrontos violentos em março de 2008, Pequim acusou o Dalai Lama de ter interesses secretos separatistas e de ter orquestrados os protestos. O líder budista negou as alegações e afirmou, na ocasião, que busca apenas lutar por uma maior autonomia para a região. Entre 2002 e 2008, foram nove rodadas de negociações entre autoridades chinesas e representantes do Dalai Lama para discutir a autonomia do Tibete. Na entrevista, o líder espiritual admitiu que não teve contato com Pequim depois do entrave nas negociações do ano passado. "Estamos simplesmente esperando Pequim enviar sinais", disse ele. Minorias étnicas Apesar de afirmar que o Partido Comunista Chinês se adapta a novas realidades, o Dalai Lama descreveu as políticas chinesas para as minorias étnicas como um "fracasso". Segundo ele, a aproximação de Pequim às regiões autônomas de Xinjiang e Tibete "não é realista". "As políticas sempre olham apenas por um ângulo - como manter, como controlar. Somente por este ângulo. Elas não levam em consideração o que pensam as populações locais", disse o líder. Para ele, a situação no Tibete reflete os problemas étnicos da China. Apesar disso, o Dalai Lama afirmou que os confrontos recentes entre chineses da etnia han e membros da minoria uigur na Província de Xinjiang são "muito tristes". Ele afirmou que descorda da violência usada nos protestos e disse que esse tipo de manifestação "não ajuda a resolver o problema". A entrevista com o Dalai Lama feita pela BBC foi mostrada à Embaixada da China no Reino Unido. A Embaixada, no entanto, recusou fazer comentários ou emitir reações sobre o conteúdo da entrevista. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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