Timor Leste elege novo presidente em clima de insegurança

São oito os candidatos que aspiram à chefia do Estado mais pobre da Ásia

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Por Agencia Estado
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Os timorenses com direito a voto comparecerão nesta segunda-feira, 9, às urnas para escolher o segundo presidente desta jovem república que nasceu em 2002, em meio a um clima de insegurança. Os enfrentamentos entre os seguidores dos oito candidatos que aspiram à chefia do Estado mais pobre da Ásia, as brigas entre membros de escolas de artes marciais e a rebeldia do ex-comandante Alfredo Reinado ameaçam a normalidade desejada pelas autoridades para a jornada eleitoral. Tanto o Governo como a Missão Integrada no Timor-Leste (Unmit, sigla em inglês), criada pela ONU em agosto do ano passado para ajudar os timorenses a restabelecer a ordem, diminuíram a importância da violência presenciada durante a campanha eleitoral. "Foram realizados 128 comícios e atos eleitorais desde 23 de março e, em um sentido, estou contente que só 15 deles, um pouquinho mais de 10%, foram alterados por fatos violentos", indicou a porta-voz da Unmit, Allison Cooper, durante uma entrevista coletiva em Díli esta semana. "Portanto, em geral, 90% dos atos da campanha foram isentos de violência", resumiu Cooper, que, no entanto, admitiu a seriedade dos incidentes que "atingiram praticamente todos os adversários em um momento ou em outro", para logo após afirmar que "nenhum dos distúrbios foi extremamente sério e nenhum interrompeu a campanha". Com o mesmo estilo resumiu o fechamento da campanha eleitoral, na sexta-feira passada, ao destacar que "a situação em Díli e arredores transcorreu em calma", para na continuação acrescentar que a UNPol (Polícia da ONU) "atendeu a dois incidentes" na capital. As persistentes brigas entre as escolas de artes marciais, que em maio completarão um ano desde sua aparição, também contribuem para prejudicar a atmosfera deste pleito, que contará com a participação de 522.933 eleitores - 51% de homens e 49% de mulheres. Um timorense de 27 anos morreu no dia 2 de abril durante o ataque que membros da escola Sete-Sete (77) lançaram em Díli contra estudantes do centro Persaudaraan Setia Hati Teratai (PSHT). A Unmit não relacionou esta violência às eleições, mas em várias ocasiões expressou seu convencimento de que as lutas entre as escolas de artes marciais não são espontâneas, e sim organizadas. O terceiro fator desestabilizador provém do foragido Reinado, que pediu que os eleitores votassem em Fernando "Lasama" de Araujo (nascido em 1963), do Partido Democrático (PD), em Francisco Xavier do Amaral (1937), da Associação Social Democrática Timorense (ASDT), em Lucia Lobato (1965), do Partido Social Democrático (PSD), ou em João Carrascalao (1945), da União Democrática Timorense (UDT). Para o militar alçado, a pior opção de seus compatriotas seria confiar em José Ramos-Horta (1949), atual primeiro-ministro e prêmio Nobel da Paz, independente, e em Francisco "Lu-Olo" Guterres (1954), presidente da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independiente (Fretilin), exatamente os dois favoritos. Completam a lista Avelino Coelho da Silva (1962), do Partido Socialista Timorense (PST), e Manuel Tilman (1946), presidente da União dos Filhos Heróis das Montanhas de Timor (KOTA). Um total de 504 centros eleitorais abrirá suas portas às 07h (18h de domingo, em Brasília) e encerrará seus trabalhos às 16h (03h de segunda-feira, em Brasília). Liderados pela União Européia (UE), 180 observadores internacionais e cerca de 1.900 nacionais supervisionarão a votação, cujo resultado oficial está previsto para ser anunciado no final da próxima semana.

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