
16 de novembro de 2015 | 12h39
PARIS - Todos os cinco terroristas identificados até o momento pelos atentados de Paris em 13 de novembro passaram por campos de treinamento e doutrinação na Síria, em áreas ocupadas pelo grupo jihadista Estado Islâmico.
A conclusão leva em conta as identidades de Omar Ismael Mostefai e Samy Aminour, que estiveram entre os autores do ataque à casa de shows Bataclan; Brahim Abdeslam Salah, que participou dos ataques a restaurantes e cafés da capital; e Bilal Hadfi e Ahmad Al-Mohammad, que se suicidaram no Stade de France. Além deles, um irmão de Brahim, Abdeslam Salah, também passou pelas frentes do Estado Islâmico, esteve em Paris durante os atentados, mas não morreu e continua em fuga.
O que se sabe sobre os ataques na França
Essa constatação confirma o maior receio das autoridades da França desde o que Estado Islâmico começou a recrutar voluntários islamistas no exterior: que jihadistas que se juntaram ao grupo retornem à Europa para cometer atentados.
Este é o caso de todos os envolvidos, com exceção de um. Ahmad Al-Mohammad, cuja identidade segue sendo verificada pelo Ministério do Interior, é sírio de nascimento e teria entrado na Europa em outubro, desembarcando em um barco na ilha de Leros, na Grécia, fingindo ser um refugiado. Nessa condição, cruzou a Sérvia e a Croácia antes de desaparecer aos olhos das autoridades.
Seu passaporte, que havia sido registrado pelas autoridades gregas, sérvias e croatas, acabou sendo encontrando junto aos restos mortais de um dos autores dos atentados do Stade de France. Como os demais, ele se suicidou acionando o cinto de explosivos que portava.
A revelação de que todos passaram pela Síria também explica por quê a Europa acabou atingida por homens-bomba, um atentado incomum no bloco de países e inédito na França. Até aqui, as investigações indicam uma conspiração internacional para perpetrar os atentados em Paris.
A ordem teria partido da Síria, com a provável participação do jihadista Abdelhamid Abaaoud, de 28 anos nascido em Molenbeek, bairro de Bruxelas, na Bélgica. Por meio de uma célula terrorista formada por franceses radicados na capital belga, a logística teria sido organizada fora de território francês, envolvendo ainda um traficante de armas de Montenegro, preso na Alemanha. As mortes, enfim, teriam sido perpetradas por uma maioria de franceses, com a colaboração de um sírio.
Pela manhã, as autoridades francesas realizaram 168 batidas policiais em 19 departamentos (Estados) da França. Um total de 23 pessoas foram presas, 31 armas foram apreendidas, entre as quais quatro consideradas como "de guerra", segundo o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve. "Face à barbárie terrorista, não há várias atitudes possíveis", afirmou o ministro. Há apenas uma: a resposta implacável da República."
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