Tráfico de pessoas cresce em países do Leste Europeu

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Por Redação
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Há seis meses, Ania foi abordada por uma mulher em uma discoteca de sua cidade, Uzhorod, na Ucrânia. Ela propôs à jovem de 20 anos que fosse trabalhar em Londres como modelo. Passagem, hospedagem e alimentação eram garantidas. Ania aceitou. No caminho, porém, ela percebeu que estava presa e impedida de sair do quarto de hotel onde estava. Ania conseguiu escapar por uma janela, duas semanas depois, e conta que andou toda a noite para encontrar alguém que a levasse para casa. Descobriu que estava na Eslováquia. "Não sabia nem em que país eu estava", disse. Hoje, ela recebe tratamento psicológico e tem medo até de ir à escola. A pobreza e o desemprego nas ex-repúblicas soviéticas estão causando um fenômeno que tem assustado a ONU: o tráfico de seres humanos. O Departamento de Estado dos EUA estima que 175 mil mulheres dos países que faziam parte do antigo bloco comunista são enviadas para o exterior todos os anos. Isso se repete desde a queda do Muro de Berlim, em 1989. Dados da Comissão Econômica da ONU para a Europa indicam que 15 mil mulheres da Rússia e de outros países do Leste Europeu se prostituem em cidades alemãs. Muitas, segundo a Organização Internacional para Migrações (OIM), trabalham para grupos criminosos que controlam bares e boates. Em Viena, 70% das prostitutas vêm dos países que faziam parte do bloco soviético. O lucro dos criminosos chega a US$ 9 bilhões por ano. Em um caso descoberto pela polícia eslovaca, o criminoso chegou a namorar sua vítima por dois meses em Bratislava antes de propor uma viagem a Viena. Lá, entrou em um quarto de hotel e disse à vítima que voltaria. Ele nunca mais apareceu e a mulher passou a ser explorada pelo dono do hotel. "Os grupos criminosos são verdadeiras multinacionais, com funcionários de vários países agindo em várias regiões do mundo ao mesmo tempo", explicou ao Estado a chefe do escritório da OIM em Bratislava, Zuzana Vatralova. Ela criou um número de emergência para que vítimas possam ligar e denunciar os abusos. No entanto, muitas são ameaçadas por seus agenciadores, que juram matar qualquer parente das vítimas que ouse denunciá-los.

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