
24 de julho de 2012 | 03h08
O massacre do Colorado veio num momento em que a campanha presidencial havia se tornado intensamente feroz e negativa - num grau maior do que país já havia presenciado até agora em uma eleição.
A chacina no cinema obrigou uma súbita e necessária mudança de planos. As campanhas tentam agora construir narrativas para moldar a realidade e as percepções. A matança foi uma dose chocante de realidade que pôs tudo o mais em perspectiva.
No começo de seu mandato presidencial, em janeiro de 2011, após o ataque em Tucson que deixou 6 mortos e 13 feridos, entre eles a então congressista Gabrielle Giffords (democrata do Arizona) - que depois disso renunciou à sua cadeira para se concentrar em sua milagrosa recuperação - Obama fez um importante discurso. No papel que os americanos agora pedem que seus presidentes façam, ele falou no funeral após a chacina.
Naquela ocasião, o país em seu choque se empenhou em um debate sobre se a retórica e as táticas políticas haviam de algum modo encorajado o atirador. A profunda polarização e partidarismo teria ajudado a criar um clima que, de algum modo, foi um convite à violência? Foi um momento não só de pesar, mas também de recriminações.
Por mais que as circunstâncias possam ser diferentes, contudo, o que Obama disse naquela noite em Tucson merece ser retomado: "Se esta tragédia prestar-se à reflexão e ao debate - como deveria - vamos garantir que eles estejam à altura daqueles que nós perdemos. Vamos cuidar que não seja o plano usual de politicagem para marcar pontos e de pequenez que se esquece no próximo noticiário."
Mas será que o presidente e seu desafiante republicano terão a responsabilidade de tentar fazer os próximos três meses e meio algo diferente do "plano usual de politicagem para marcar pontos e de pequenez" que Obama lamentou em Tucson?
Sua campanha presidencial já vem atraindo críticas por sua mesquinhez ante os problemas dos EUA. Será que ela mudará quando recomeçar após a pausa forçada pela chacina?
O que Obama disse em Tucson é um bom conselho neste novo momento de tragédia e tristeza para o país. / TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK .
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.