Transmissão vai ser operação de guerra para TVs

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Por Agencia Estado
Atualização:

A transmissão da guerra que deve começar nesta semana, no Iraque, vai ser uma dos maiores esforços da TV americana em todos os tempos. Pela primeira vez, jornalistas vão acompanhar unidades militares e emissoras vão poder fazer até transmissões ao vivo. Um acordo entre as maiores redes americanas também vai garantir o acesso a imagens da campanha americana, pelo menos no início do conflito. Nas primeiras 24 horas da guerra, as principais emissoras de TV vão ter direito a usar as imagens de suas concorrentes. Este foi o acordo de cavalheiros feito esta semana entre representantes das três grandes redes ? ABC, CBS, NBC ? e dos canais de notícias CNN, FoxNews e MSNBC, que é da NBC. A surpresa foi a participação da CNN, que ganhou fama e popularidade durante a transmissão solitária dos bombardeios americanos a Bagdá no início da Guerra do Golfo, em 1991. Desta vez, o acordo vale apenas para Bagdá, de onde as emissoras têm tirado suas equipes. O Pentágono sugeriu a jornalistas de todo o mundo que deixem a capital iraquiana o mais rápido possível. Todos esperam que a cidade seja bombardeada intensamente a partir desta semana. Como as imagens vão ser feitas, não foi revelado. Equipes da ABC e da NBC já deixaram a região. Repórteres da CBS e da CNN continuam na cidade, mas têm carta branca das emissoras para saírem quando quiserem. A MSNBC ainda tem na região o repórter Peter Arnett (contratado do National Geographic Channel), um dos responsáveis pela consagração da CNN na Guerra do Golfo. A FoxNews, com conteúdo muito conservador, foi expulsa do Iraque quando os Estados Unidos botaram para fora do país um jornalista iraquiano. O acordo entre as emissoras americanas não prevê o uso de imagens de suas afiliadas estrangeiras. A ABC tem direito, por exemplo, à cobertura da BBC, que tem nada menos do que sete repórteres atualmente em Bagdá. A NBC tem parcerias com a ITN britânica e a ZDF alemã. "CNN árabe", Al Jazira, vai ceder suas imagens de dentro do Iraque para todas as emissoras americanas. A CNN também avisou que tem acordos com os jornais "New York Times" e "Boston Globe" para colocar seus repórteres no ar. Um dos maiores problemas dos jornalistas que ficaram em Bagdá é como transmitir suas matérias quando a guerra começar. Até agora, eles tinham acesso ao satélite apenas no prédio do Ministério da Informação iraquiano, que deve ser um dos principais alvos militares americanos na cidade. Há atualmente pedidos ao governo iraquiano para que transmissões possam ser feitas de outros locais. A CNN garante que tem um link em outro bairro da cidade. Para fugir das bombas, repórteres devem ficar em bairros residenciais. A mobilização é enorme, ainda que a guerra signifique prejuízos grandes para todos os canais. A expectativa é que as transmissões ocupem toda a grade de programação nos primeiros três dias de conflito, o que significa a perda de vários milhões de dólares de cancelamento de comerciais. Ao mesmo tempo, a estrutura necessária para a transmissão direto do Oriente Médio representa um custo muito alto para todos os canais. As vantagens são prestígio e confiança do público, o que dá resultados apenas em um prazo mais longo. Há mais de 600 jornalistas estrangeiros na região, muitos deles colados nas tropas americanas. Vários passaram por "boot camps", treinamentos de segurança para situações de combate, como usar máscaras e roupas especiais para ataques com armas químicas e biológicas. Eles foram distribuídos em várias unidades diferentes entre os militares americanos, britânicos e australianos. Com equipamentos como links para satélites e videofones, eles vão poder fazer transmissões ao vivo direto do front. Líderes militares americanos, por sua vez, já disseram que têm o poder de bloquear o acesso a satélites e cortar as transmissões. Ou seja, a liberdade de expressão não vai ser irrestrita. O noticiário até 18/3/2003 Veja o especial :

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