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Transtornos psicológicos são comuns

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Por ADJUMANI e UGANDA
Atualização:

Além das condições precárias e dos traumas do conflito, os refugiados sul-sudaneses em Uganda convivem com rumores de que soldados leais ao presidente Salva Kiir estariam infiltrados nos campos para recrutar novos combatentes. Embora tenha prometido desmobilizar todos os menores de 18 anos do Exército Popular de Libertação do Sudão até 2010, Kiir é acusado de ainda manter entre as forças cerca de 2 mil deles, segundo a ONU.Joseph Tiger lutou desde os 15 anos ao lado das forças leais ao presidente, mas deixou o posto em janeiro, após saber da morte de toda a família em um ataque de rebeldes no vilarejo onde nasceu. Voltou para enterrar os corpos e decidiu fugir. Ele passa os dias perambulando pelo campo de Nyumanzi. Ao ouvir a notícia do recrutamento por soldados de Kiir, sentiu a cabeça rodar e perdeu a consciência. Na clínica montada pela Médicos Sem Fronteiras (MSF) no campo, viu-se que Joseph não tem problemas físicos. Ele foi diagnosticado com transtorno de estresse pós-traumático, doença que afeta 46% dos refugiados sul-sudaneses em Uganda, segundo estudo publicado no periódico African Health Sciences. É um dos maiores índices da doença no mundo.A exposição direta e constante de crianças à violência durante décadas de conflitos com o Sudão seguidos de uma nova guerra civil criou gerações com problemas mentais como depressão, ansiedade extrema e histeria. "Existe uma enorme fadiga psicológica com relação à violência no Sudão do Sul", diz a médica italiana Chiara Baruzzi, da MSF.O Sudão do Sul não tem instituições de tratamento psiquiátrico. Segundo a organização Human Rights Watch, o governo mantém pessoas presas sem julgamento "porque elas aparentam ter problemas mentais" e não têm para onde ir. / A.C.

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