Trégua entre palestinos é mantida, apesar de incidentes

Dois membros da guarda do presidente Mahmud Abbas, do Fatah, foram mortos por militantes do grupo islâmico Hamas, gerando pedidos de vingança entre militantes

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Por Agencia Estado
Atualização:

A "segunda trégua" firmada na noite de terça-feira entre os grupos rivais Fatah e Hamas vigorou durante a tarde desta quarta-feira nas ruas de Gaza, apesar do assassinato de dois agentes das forças de segurança leais ao presidente Mahmoud Abbas, do Fatah, na madrugada desta quarta-feira. Os ataques, que também feriram outros sete milicianos, aconteceram no bairro de Sabra, em Gaza, duas horas depois do anúncio do cessar-fogo, segundo fontes médicas. As testemunhas afirmaram ainda que integrantes da Força Auxiliar, criada pelo Ministério do Interior e integrada majoritariamente por membros do braço armado do Hamas, dispararam contra um posto policial controlado por agentes da Segurança Nacional. Entretanto, durante os funerais dos dois, membros do Fatah pediram vingança pelas mortes, expondo a fragilidade do cessar-fogo e o clima de animosidade que domina a sociedade palestina. Na última semana, o assassinato dos três filhos de um dirigente do Fatah - supostamente por militantes do Hamas - desencadeou episódios de violência que já são considerados os piores a atingir a região em dez anos. O confronto desta quarta-feira começou, segundo as testemunhas, quando desconhecidos dispararam com um lança-granadas contra um grupo de milicianos do Hamas, que, em represália, atacaram os agentes. O porta-voz do Fatah, Tawfiq Abu Khoussa, informou que os dois agentes mortos, que eram primos e tinham aproximadamente 20 anos de idade, eram integrantes das Forças Preventivas de Segurança, e viajavam em um veículo de patrulha pelas ruas de Gaza quando foram baleados por milicianos mascarados. Durante o funeral, foram incendiados diversos veículos supostamente pertencentes ao Hamas, no bairro de Sabra, e proferidos insultos ao ministro do Exterior do governo do Hamas, Mahmoud Zahar, quando o cortejo se deteve por alguns instantes em frente à residência do político, que aparentemente não estava em casa. Entretanto, para evitar atritos, por volta do meio-dia, todas as milícias desapareceram das ruas de Gaza, como determinava o acordo. Sociedade paralisada Apesar da trégua, as escolas e institutos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia mantiveram suspensas suas aulas, que serão retomadas no próximo sábado. A determinação é do Ministério da Educação. O único grupo armado visível em Gaza era o da "Força 17", que vigiava a residência e os escritórios de Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP). A retirada dos milicianos que protagonizaram violentos tiroteios nos últimos dias - desde que Abbas anunciou no sábado a intenção de antecipar as eleições presidenciais e legislativas - permitiu um retorno relativo à normalidade ao longo do dia. Abbas anunciou a medida como forma de romper o impasse para a formação de um governo de união nacional nos territórios, que sofre com um embargo internacional desde que o Hamas assumiu o poder no início do ano. Estados Unidos, União Européia e Israel consideram o Hamas - que prega a destruição de Israel - uma organização terrorista, e por isso cancelaram o repasse de ajudas financeiras ao governo palestino. Com os incidentes de desta quarta-feira, chegou a 20 o número de mortos desde o início dos confrontos entre milicianos do Hamas, militantes do movimento nacionalista Fatah e forças de segurança da ANP.

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