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Três anos depois, cresce insatisfação dos americanos sobre Iraque

Apenas 9% dos americanos acham que a missão no Iraque tenha sido cumprida

Por Agencia Estado
Atualização:

Três anos depois de o presidente americano, George W. Bush, ter declarado a bordo de um porta-aviões que a missão dos Estados Unidos no Iraque estava "cumprida", apenas 9% dos americanos acreditam que o presidente tinha razão. Aquele discurso, cuja produção foi cuidadosamente organizada a bordo do porta-aviões "Abraham Lincoln", marcou o ápice da popularidade da guerra entre os americanos e serviu para dar um forte impulso a Bush, cuja aceitação superava os 60%. Quando o presidente aterrissou no navio pilotando seu próprio avião e declarou que as "principais operações de combate" haviam terminado, o número de militares dos EUA mortos no Iraque, após seis semanas de guerra, era de 139. Atualmente, com mais de 2.400 soldados americanos mortos no Iraque, a popularidade do presidente se reduziu à metade e está em torno dos 32%, segundo as pesquisas mais recentes. A continuidade da ocupação é um dos principais fatores nesta queda da popularidade presidencial, segundo as pesquisas. Uma enquete divulgada nesta segunda-feira pela rede de televisão CNN revela que apenas 9% dos americanos acham, após três anos de guerra, que a missão no Iraque tenha sido cumprida. Cerca de 40% dos entrevistados acreditam que a missão acabará sendo cumprida, mas 44% se mostram mais pessimistas e acham que as metas nunca serão atingidas. Segundo 55% dos entrevistados, a invasão do Iraque foi um erro. Condoleezza e Rumsfeld Bush se reuniu nesta segunda-feira na Casa Branca com a secretária de Estado, Condoleezza Rice, e o secretário de Defesa, Donald Rumsfeld. Os dois americanos acabam de voltar de uma visita surpresa ao Iraque, depois de os partidos políticos do país árabe terem chegado a um acordo para romper o ponto morto em que estavam para formar um governo de união nacional. Os EUA consideram que a formação deste Governo é a solução para colocar fim ao aumento da violência no país árabe. Em breve declaração após a reunião, Bush quis lançar uma mensagem de otimismo sobre a situação no Iraque. "Achamos que temos parceiros neste esforço, empenhados em um Iraque unificado e em criar um governo que represente todos os iraquianos", afirmou. No entanto, Bush reconheceu que nem tudo são boas notícias e que "ainda restam dias difíceis pela frente", já que "continua havendo terroristas que querem tirar vidas inocentes para deter o progresso da democracia", lembrou. O presidente americano insistiu em que "estamos diante de um ponto de inflexão para os iraquianos, e de um novo capítulo em nossa aliança (...). Os Estados Unidos estão mais dispostos que nunca a alcançar o êxito". Democratas Enquanto Bush se esforçou para enviar uma mensagem otimista, a oposição democrata desenhou um panorama muito menos agradável. Em um discurso na Filadélfia, o democrata de maior categoria no Comitê de Relações Exteriores do Senado, Joseph Biden, propôs como solução para a violência no Iraque dividir o país em três regiões autônomas - curda, xiita e sunita -, sob um governo central em Bagdá. O projeto de Biden, também publicado em artigo do jornal The New York Times, prevê deixar um contingente americano reduzido - em torno de 20.000 soldados - que ficariam responsáveis por impedir que os grupos terroristas transferissem algumas de suas bases no Afeganistão para regiões do Iraque. A Casa Branca rejeitou esta proposta. O porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan - que está prestes a sair -, afirmou nesta segunda-feira que uma partilha "com um governo central fraco e forças de segurança regionais não é algo que nenhum líder iraquiano tenha proposto, nem é algo que o povo iraquiano tenha apoiado". Críticas O porta-voz também rebateu as críticas feitas neste fim de semana pelo ex-secretário de Estado Colin Powell, que declarou que antes do começo da guerra tinha duvidado que o número de forças americanas mobilizadas, cerca de 145.000, fosse ser suficiente após a invasão. Segundo McClellan, "muitos conselhos foram dados e o presidente agradeceu por isso. Quis se assegurar de que os comandantes tinham tudo o que precisavam e eles concordaram com o plano que o general Tommy Franks (então no cargo do Comando Central) tinha traçado".

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