Tribunal argentino condena à prisão ex-agente da ditadura

Julio Simón é acusado de ter desaparecido com um casal e seqüestrado a filha dos dois

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Por Agencia Estado
Atualização:

Um tribunal argentino condenou nesta sexta-feira a 25 anos de prisão o ex-policial Julio Simón pelo desaparecimento em 1978 de um casal chileno-argentino e pelo seqüestro da filha dos dois, em um caso emblemático da ditadura militar do país (1976-83). A sentença de hoje foi a primeira da Justiça argentina contra um repressor depois de o Parlamento ter revogado em 2003 as leis de Ponto Final e Obediência Devida, que em 2005 também foram declaradas nulas pela Suprema Corte mas que livraram de responsabilidades mais de mil agentes da ditadura enquanto estiveram em vigor. O crime contra o casal formado pelo chileno José Poblete e a argentina Gertrudis Hlaczik deu origem, em 2001, à primeira decisão judicial que declarou inconstitucionais as referidas leis, sancionadas em 1986 e em 1987 e conhecidas como "do perdão". No julgamento, realizado no Tribunal Oral Federal 5 de Buenos Aires, os querelantes pediram 50 anos de prisão a Simón, conhecido como "o turco Julián", e a Promotoria reivindicava pena de 24 anos. Os advogados de acusação e o promotor do caso sustentaram que o ex-policial deveria ser condenado por "seqüestro, retenção e ocultação de um menor de dez anos", por "inúmeras torturas" e pela "privação ilegal da liberdade" do casal. Foi preciso habilitar uma sala ao lado do local onde a audiência foi realizada para que o grande número de pessoas que foi ao tribunal pudesse ouvir a sentença do magistrado. Simón permaneceu em silêncio durante a leitura da decisão, que foi recebida com satisfação por parentes do casal desaparecido e membros de organizações de defesa dos direitos humanos.

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