Tribunal arquiva processo contra Kohl

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Por Agencia Estado
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O Tribunal Regional de Bonn arquivou nesta sexta-feira o processo por malversação de fundos políticos contra o ex-chanceler democrata-cristão Helmut Kohl mediante o pagamento voluntário de uma soma de 300 mil marcos (US$ 150 mil), informou a porta-voz do tribunal, Susann Ulbert. Em decisão já esperada, os juízes ratificaram acordo firmado em 8 de fevereiro entre a Promotoria de Bonn e os advogados de Kohl. Entre 1993 e 1998, Kohl recebeu doações políticas no valor de 2,1 milhões de marcos (US$ 995 mil), que aplicou nas campanhas da União Democrata-Cristã (CDU) na ex-Alemanha Oriental. Essa soma não passou pela contabilidade da CDU, violando a legislação alemã sobre financiamento público dos partidos políticos. Kohl admitiu sua responsabilidade no caso e liderou uma campanha de arrecadação de fundos para pagar a multa correspondente. Ele conseguiu reunir 8 milhões de marcos (US$ 4 milhões) - dos quais 700 mil (US$ 350 mil) do próprio bolso (mediante hipoteca da residência em Bonn). A porta-voz Susann Ulbert ressaltou que a realização da campanha beneficiou Kohl perante os magistrados. Além disso em nenhum momento ele utilizou-se do dinheiro das comissões para aumentar seu patrimônio pessoal. "Não há em toda a atividade do chanceler, nenhum indício de enriquecimento ilícito." Mas terão prosseguimento investigações criminais contra outras figuras do escândalo, e legisladores governistas estão analisando alegações de que Kohl vendeu favores do governo durante seus anos no poder, de 1982 a 1998 - o que Kohl nega. Kohl, segundo assessores, conseguiu seu grande objetivo: evitar antecedentes penais, que manchariam irremediavelmente sua histórica trajetória política. Ele é apontado como pai da unificação da Alemanha. Os financiamentos irregulares da CDU estão sendo investigados por uma comissão parlamentar. Com o encerramento do processo judicial, Kohl não terá mais nenhum pretexto legal para se negar a depor. A Constituição alemã confere às pessoas que estão sendo processadas judicialmente o direito de recusar depor em comissões parlamentares. Kohl alegava esse direito para escapar aos interrogatórios no Parlamento. Os deputados querem que ele revele os nomes das pessoas que contribuíram com doações secretas à CDU. O ex-chanceler recusa-se terminantemente a identificar os contribuintes, alegando que eles pagaram as comissões com a condição de ficarem no anonimato. As investigações contra ele foram iniciadas em janeiro de 2000.

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