Tribunal reabre julgamento contra detidos franceses de Guantánamo

Os seis acusados ficaram presos entre dois anos e meio e três anos na base militar norte americana em Cuba

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O Tribunal Correcional de Paris, que devia anunciar nesta quarta-feira seu veredicto no caso de seis ex-detentos franceses em Guantánamo, decidiu reabrir o julgamento a fim de determinar em que condições os réus foram interrogados por agentes dos serviços secretos franceses na base americana em Cuba. A Corte indicou que não tem informação suficiente sobre "o marco legal no qual intervieram vários funcionários da DST (Direção de Vigilância do Território) quando foram em várias ocasiões à base de Guantánamo" para se reunir com os acusados ou outras pessoas que diziam ter nacionalidade francesa. "É preciso começar do zero", disse o presidente da Corte, antes de indicar a possibilidade de ter de suspender o segredo de Estado. O tribunal fixou a nova audiência para 2 de maio. Durante o julgamento em julho, os advogados dos acusados denunciaram que agentes da contra-espionagem tinham ido a Guantánamo para interrogar os detidos. "Enquanto a França protestava oficialmente contra as violações dos direitos humanos cometidas em Guantánamo, enviava policiais para interrogar as vítimas destas violações", denunciou um dos advogados. Os seis acusados, capturados por forças americanas na fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão, ficaram detidos entre dois anos e meio e três anos na base de Guantánamo, onde centenas de suspeitos de terrorismo ou supostos membros do Taleban permaneceram presos. Entre 2004 e 2005, os réus foram devolvidos pelos EUA à França, onde ficaram detidos por um tempo e foram processados por formação de quadrilha com fins terroristas. No julgamento de julho, a Promotoria pediu um ano de prisão para cinco deles - Brahim Yadel, Nizar Sassi, Murad Benchellali, Reduane Khalid e Khaled ben Mustafa -, por isso não teriam que voltar à prisão se fossem condenados. Os promotores não pediram nenhuma pena para o sexto, Imad Kanuni. "Jamais defenderei Guantánamo, que permite deter homens fora de todo marco legal", ressaltou o promotor na época. Os seis ex-detentos de Guantánamo estão livres sob controle judicial.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.