07 de abril de 2008 | 14h46
Os rivais políticos quenianos acusaram-se nesta segunda-feira, 7, de tentar atrasar a formação do gabinete de governo compartilhado acordado entre o presidente Mwai Kibaki e o líder opositor Raila Odinga, crucial para encerrar o impasse pós-eleitoral que provocou uma onda de violência no Quênia. Odinga não compareceu a um encontro com Kibaki, acusando o presidente do Partido de União Nacional (PNU, na sigla em inglês), de renegar a promessa de liderar as negociações do lado da oposição. A recente crise é um balanço de que o partido governista pretende continuar a monopolizar o poder, diz Odinga. Kibaki, por sua vez, culpa o partido opositor Movimento Democrático Laranja (ODM), liderado por Odinga, de atrasar pela segunda vez consecutiva e se disse surpreso por ter recebido "novas precondições e últimatos" da legenda". "Estou pronto e desejo concluir a formação do gabinete de coalizão o mais cedo possível", disse o presidente em um breve comunicado na televisão. Mudanças na constituição do Quênia permitiram que os dois partidos fechassem um acordo para formar um governo de coalizão, com divisão de poder. O acordo, estabelecido com a mediação do ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan, prevê que o novo governo seja liderado pelo presidente e pelo líder da oposição, que tem a maior bancada no Parlamento. Odinga deverá assumir o recém-criado cargo de primeiro-ministro. Cada partido nomeará um vice-primeiro-ministro e outros ministros serão indicados de maneira que reflita a força dos partidos na Assembléia Nacional. Segundo a BBC, no sábado, um porta-voz do ODM afirmou que os principais ministérios teriam ficado reservados para o partido do presidente Mwai Kibaki. Por sua vez, o presidente culpou a oposição de demora na entrega da lista dos nomeados para assumir algumas das pastas. A atual crise no Quênia teve início depois das eleições de dezembro. A oposição, liderada por Odinga, afirma que o pleito, que elegeu o presidente Mwai Kibaki, foi fraudulento. O anúncio dos resultados das eleições provocaram protestos que deixaram mais 1,5 mil mortos e 600 mil desabrigados.
Encontrou algum erro? Entre em contato