Tropas apoiadas pela Etiópia se aproximam de Mogadiscio

Grupos devem continuar avançando contra a capital da Somália nesta quarta-feira

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Por Agencia Estado
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Tropas do governo da Somália apoiadas por forças etíopes ocuparam o povoado de Jowhar, localizado a 90 quilômetros da capital do país, Mogadiscio. De acordo com a agência EFE, fontes disseram que as tropas apoiadas pela Etiópia continuarão avançando nesta quarta-feira. Jowhar, que estava em poder dos milicianos da União das Cortes Islâmicas, foi palco de combates no primeiro semestre deste ano. Nesta terça-feira, declarando estar perto de vencer seus inimigos islâmicos na Somália, a Etiópia atacou por terra os combatentes em retirada e já havia ameaçado ocupar a capital. "As forças etíopes estão a caminho de Mogadiscio", afirmou o embaixador da Somália para a Etiópia, Abdikarin Farah, nesta terça-feira, em Abdis-Abeba. "Elas estão a cerca de 70 quilômetros de distância e é possível que a capturem dentro das próximas 24 a 48 horas". Os combatentes islâmicos disseram que qualquer tentativa de invadir Mogadiscio terminará em tragédia para os agressores. "Isso será a destruição e o dia do juízo final para eles", afirmou o porta-voz dos islâmicos, Abdi Kafi, à Reuters. "É uma questão de tempo antes de começarmos a atacá-los de todas direções". Apoio etíope A Etiópia dá apoio ao governo secular e interino da Somália na luta contra os combatentes islâmicos que controlam a parte sul do território somali após eles terem capturado Mogadiscio, em junho. Os governos etíope e norte-americano afirmam que os islâmicos recebem ajuda da Al-Qaeda e da Eritréia, um país inimigo da Etiópia. Já os combatentes islâmicos afirmam contar com um amplo apoio popular. De acordo com eles, seu principal objetivo é restabelecer a ordem na Somália sob o domínio da Sharia - lei de inspiração islâmica - após os anos de turbulência vivenciados desde 1991, quando foi deposto o ditador Siad Barre. A guerra, segundo os dois lados envolvidos, teria matado centenas de pessoas. Diplomatas temem que os conflitos acabem envolvendo a Eritréia, que ingressaria neles ao lado dos islâmicos. Pedido de retirada Representantes internacionais reunidos nesta quarta-feira para analisar a crise da Somália pediram a imediata retirada das tropas etíopes do país vizinho, segundo informações do final da reunião. O encontro teve a participação de representantes da União Africana, da Liga Árabe e da Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (Igad), integrada por países da África oriental. No final da reunião, Alpha Konaré, presidente da Comissão da União Africana, divulgou um comunicado que faz uma chamada para a "rápida retirada das tropas da Etiópia". A reunião aconteceu em Adis-Abeba, capital etíope e sede da União Africana, três dias depois do início da ofensiva na Somália. Segundo cálculos da Etiópia, a incursão causou a morte de mil combatentes islâmicos. O número foi divulgado na terça-feira pelo primeiro-ministro da Etiópia, Meles Zenawi, que, no entanto, não ofereceu dados sobre as baixas etíopes. O comunicado divulgado após a reunião desta quarta-feira pede também que se preste "apoio urgente" ao governo de transição da Somália, que luta junto com as forças etíopes para derrotar os milicianos islâmicos. Além disso, pede "a retirada de todas as tropas e elementos estrangeiros da Somália", sem fazer referência a outras nacionalidades. Matéria ampliada às 15h16

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