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Tropas brasileiras entram em choque com haitianos

Exército confirmou o embate, mas não informou se houve haitianos mortos

Por Agencia Estado
Atualização:

A Missão das Nações Unidas de Estabilização no Haiti (Minustah) iniciou nesta sexta-feira investigações sobre o embate ocorrido na última quinta-feira entre tropas brasileiras e moradores da Cité Soleil, a mais violenta favela de Porto Príncipe. No enfrentamento, um militar brasileiro foi ferido de raspão no queixo, de acordo com o Centro de Comunicação Social do Exército (CCSEx). Agências internacionais informaram que pelo menos três haitianos, que protestavam contra a derrubada de casas durante obras executadas pelos militares brasileiros, teriam sido mortos. O Exército insistiu que nenhuma casa havia sido afetada pelos trabalhos da tropa de engenharia brasileira responsável pela Cité Soleil, que tentava abrir uma via para facilitar o acesso de veículos militares pela favela na manhã de quinta-feira (19). Somente partes de "muros baixos foram removidas", para alargar o acesso. O Exército reconheceu a possibilidade de ter havido vítimas - fato não comprovado até o final da tarde desta sexta-feira. Mas alegou que os militares brasileiros responderam ao fogo aberto por manifestantes. "Este foi só mais um entre as centenas de tiroteios que nossas tropas enfrentam. A gente tem tido muita sorte por não ter havido baixas", afirmou o general de Divisão Antônio Gabriel Esper, chefe do Centro de Comunicação Social do Exército. O Exército também soltou uma nota oficial confirmando o confronto, mas não informou se houve haitianos mortos. O texto, divulgado nesta sexta-feira, diz apenas que "é possível terem ocorrido baixas na força adversa", que os testemunhos são contraditórios e que "a Minustah está realizando as investigações competentes para a apuração do ocorrido". A versão do Exército brasileiro coincidiu com a divulgada pela porta-voz da Minustah, Sophie Boutaud, na manhã desta sexta-feira. Comando das tropas Desde o início da missão das Nações Unidas no Haiti, em junho de 2004, o Brasil detém o comando das tropas internacionais e mantém 1.300 militares no país. Desse total, 150 provêm da Companhia de Engenharia de Força de Paz e atuam em obras de pavimentação e recuperação de vias públicas, de perfuração de poços, de urbanização de praças de Porto Príncipe e de terraplenagem. Nesses dois anos no Haiti, outros dois soldados foram feridos em enfrentamentos. Durante uma patrulha em Cité Soleil, em julho passado, os soldados Leandro de Oliveira Lino e Renato Dannylo Silva foram atingidos por disparos de grupos armados. Por causa da calma que vigorava nos últimos meses, a polícia haitiana entrou em Cité Soleil no início deste mês pela primeira vez em quase três anos, cumprimentando os moradores. O Brasil comanda as forças de paz da ONU no país, atualmente com um efetivo de quase nove mil homens. A missão foi estabelecida em fevereiro de 2004. O contingente brasileiro no país é de 1.050 soldados.

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