Tropas de Israel prendem mais de 700 palestinos

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Por Agencia Estado
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As tropas israelenses, apoiadas por dezenas de tanques e armas pesadas, aprofundaram, nesta segunda-feira, sua incursão nas áreas autônomas palestinas da Cisjordânia e prosseguiram com seu objetivo de isolar completamente o presidente da Autoridade Palestina (AP), Yasser Arafat, no prédio em que está cercado desde sexta-feira, em seu quartel-general em Ramallah. Os soldados estão revistando todas as casas e apartamentos de Ramallah, Qalqiliya e Tulkarem, entre outras localidades cisjordanianas. Há tiroteios esporádicos nessas cidades. Segundo o Exército, foram presas somente em Ramallah mais de 700 pessoas, entre as quais vários acusados de atos extremistas. Os tanques destróem os carros à sua passagem e os utilizam para armar barricadas. A falta de perspectiva da retirada das tropas israelenses e o fim dos atentados suicidas em Israel, bem como o aumento da pressão dos países árabes sobre os EUA, começam a ter repercussões no preço do petróleo, que subiu nesta segunda-feira. Zona fechada Israel declarou neste domingo Ramallah "zona militar fechada" e ordenou à noite a saída de todos os jornalistas estrangeiros da cidade, que está sob toque de recolher e com as ruas vazias. Vários ainda permanecem ali. Na tarde desta segunda, soldados dispararam contra um veículo em que viajavam repórteres e fotógrafos ocidentais. Ninguém se feriu. O doutor Mustafa Barghouti, diretor do Comitê Médico de Socorro em Ramallah, organização não-governamental, informou à TV a cabo americana CNN que as tropas atacaram o prédio da entidade e ordenaram a saída de todos os funcionários. Depois, bombardearam o edifício. Segundo Barghouti, um dos médicos, Mohamad Kafi foi utilizado pelos soldados como escudo humano e obrigado a ir a todos os cômodos para remover as pessoas. Os tanques tomaram totalmente a cidade de Tulkarem, no norte cisjordaniano, e retiraram-se nesta segunda-feira de Belém, depois de uma ocupação de várias horas. Pacifistas feridos Seis pessoas (cinco estrangeiros e um câmera palestino da Associated Press) que estavam numa manifestação de cerca de cem pacifistas de vários países foram feridas por disparos de militares israelenses. Os tiros irromperam quando eles começaram uma marcha em direção a Beit Jala, cidade vizinha também tomada pelo Exército. À noite, foi ocupado o campo de refugiados de Dheishel, perto de Belém. Em Qalqiliya, tomada na madrugada, a água e eletricidade foram cortadas pelos militares. Nos últimos cinco dias, morreram pelo menos 40 israelenses em atentados suicidas em Israel e 39 palestinos, na incursão do Exército nos territórios. Pelo menos 17 palestinos foram mortos nesta segunda: 5 militantes em confrontos na Cisjordânia e um menino de 10 anos, na Faixa de Gaza, atingido por disparos de soldados israelenses; e 11 homens acusados de colaborar com o Exército de Israel. Carro explode Em Jerusalém, um ativista das Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa, grupo ligado à Fatah, a facção de Arafat, explodiu o carro em que viajava quando foi parado num bloqueio pela polícia. Ele morreu, e o polícial israelense foi gravemente ferido. Ao revistarem casas de Qalqiliya, oito soldados israelenses ficaram feridos na explosão de uma bomba deixada numa delas. O diário israelense Maariv informou, citando fontes do setor de segurança do país, que cerca de cem homens-bomba palestinos estão prontos para entrar em ação. Destruição total "Há total destruição, total estado de terror contra os palestinos", protestou o negociador da AP Saeb Erakat, que acusou o presidente americano, George W. Bush, e a ONU de ignorarem o sofrimento de seu povo. "Nós estamos defendendo nossas casas. Não temos outro lugar. Vamos defender nossas casas com toda nossa força", disse nesta segunda-feira o ministro da Defesa israelense, Biniyamin Ben-Eliezer, à Rádio Israel.

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