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Tropas encontram civis sorridentes. São inimigos

Por Agencia Estado
Atualização:

Forças dos Estados Unidos e Grã-Bretanha avançando pelo interior do Iraque a caminho de Bagdá estão enfrentando um problema clássico para soldados combatendo guerrilheiros: Quem é o inimigo? No sul iraquiano, tropas da coalizão liderada pelos EUA encontraram supostos civis sorridentes que repentinamente sacaram suas armas e abriram fogo. Nos arredores da cidade de An Nasiriya, soldados iraquianos se aproximaram de tropas dos EUA como se fossem se render e, então, atacaram, matando nove soldados americanos. Tropas dos EUA cercando esta cidade muçulmana xiita, preparando a invasão de Bagdá, têm enfrentado outras táticas que tornam difícil distinguir os amigos dos inimigos: caminhões estacionados em campos agrícolas que podem ou não ter morteiros escondidos em seu interior, e atacantes em roupas civis que desaparecem em vilas próximas. Oficiais do Exército americano responsabilizam um grupo leal a Saddam Hussein chamado Brigada de al-Quds, que teoricamente foi fundada para libertar Jerusalém - al-Quds é o nome árabe da cidade -, mas que acabou tornando-se uma grande força paramilitar. "A Al-Quds está por toda esta área, (seus combatentes) vestidos como civis e dirigindo veículos civis e fazendo incursões noturnas", disse o tenente-coronel Philip DeCamp, comandante do 4º Batalhão do 64º Regimento Blindado, a seus soldados. "Os al-Quds são loucos, tomando casas de pessoas e obrigando-as a sair". DeCamp destacou como, na noite de sábado, milicianos usaram uma área comercial para lançar um ataque guerrilheiro contra tanques do Exército dos EUA mas, quando os tanques avançaram poucas centenas de metros, eles se viram no meio de uma vizinhança civil, de mulheres e crianças saindo de suas casas na madrugada para ver as tropas americanas que avançavam. "É duro - não é? - descobrir quem é amigo e quem não é, quem é um beduíno, quem não é, contra quem atirar", lamentou DeCamp, que foi comandante de uma companhia blindada durante a Guerra do Golfo, a seus jovens soldados. O sargento da infantaria Bryce Ivings teme que depois de servirem em Kosovo, muitos soldados ainda pensem ser mantenedores da paz. Em Kosovo, eles eram mais como policiais, mas no Iraque eles têm de ser mais agressivos, explicou. Desde as mortais emboscadas de domingo, forças dos EUA têm olhado para os iraquianos com cautela. "Isso significa que ficaremos mais atentos. Enviamos um esquadrão inteiro para cuidar dessas duas pessoas", disse o marine Clint Bagley, 21 anos, apontando para uma estrada onde dois civis iraquianos estavam andando com uma bandeira branca e cerca de 10 marines correram para interceptá-los e revistá-los. Civis estão sendo obrigados a deitar no chão e, quando os marines se convencem de que eles não oferecem ameaça, são liberados. Em geral, segundo Bagley, "se eles estão segurando uma bandeira branca e segurando uma arma, nós atiramos". Na segunda-feira, marines na estrada para Bagdá obrigaram alguns iraquianos a descer de seu veículo, interrogando-os e empurrarando-os para a areia, e cortaram os pneus do carro para garantir que eles não iriam seguir o comboio. "Eu me senti muito bem quando chegamos, com a multidão acenando e sorrindo. Agora você fica pensando o que está por trás dos sorrisos - e o que está por trás dessas multidões", relatou o tenente-coronel Michael Belcher. "É difícil conquistar seus corações e mentes agora, quando você tem que ter uma arma apontada para eles". Veja o especial :

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