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Rebeldes na Ucrânia pedem ajuda militar a Moscou; EUA dizem que tanques russos estão de prontidão

Forças estariam posicionadas a menos de 50 km da fronteira ucraniana, segundo o Pentágono; Rússia diz que líderes separatistas pediram 'ajuda a Putin' para repelir forças ucranianas e Kiev solicita reunião do Conselho de Segurança da ONU

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Por Redação
Atualização:

KIEV - Cerca de 80% dos 190 mil soldados russos e forças separatistas da Ucrânia estão mobilizadas para o combate apenas a espera da ordem do presidente Vladimir Putin, informou o Departamento de Defesa dos Estados Unidos nesta quarta-feira, 23. Logo após o anúncio do governo americano, o Kremlin disse que líderes separatistas no leste da Ucrânia pediram a "ajuda de Putin para repelir a agressão das forças armadas e formações da Ucrânia", embora autoridades em Kiev digam que não houve tal agressão, e nenhuma está planejada. Moscou não informou imediatamente como Putin responderia.

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Após o apelo dos separatistas por assistência militar da Rússia, Kiev pediu uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU. Segundo o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Dmitro Kuleba, trata-se de mais uma escalada da situação de segurança na região. 

Desde janeiro o governo americano vem alertando que uma invasão russa é "iminente", mas nesta semana a situação ganhou uma nova escalada após Putin reconhecer as regiões separatistas do país como independentes. "Eles estão prontos para ir se receberem a ordem", disse um alto funcionário do Pentágono a repórteres. O funcionário, falando sob condição de anonimato, disse que todas as forças que os Estados Unidos esperavam que Moscou reunisse na crise da Ucrânia estão agora posicionadas entre 5 e 50 km da fronteira ucraniana e que ainda cabe ao presidente Putin dar a ordem final para lançar um ataque.

Imagens de satélites feitas na segunda-feira, 21 de fevereiro, mostram mais tropas e equipamentos militares em uma área rural de Belgorod, a menos de 20km da fronteira com a Ucrânia Foto: Maxar Technologies via AP

Autoridades dos Estados Unidos, da Otan e da União Europeia disseram na terça-feira, 22, que as forças russas começaram a invadir as regiões do leste da Ucrânia controladas por separatistas apoiados pelo Kremlin, que Putin disse reconhecer como independentes. O presidente americano, Joe Biden, chamou a medida de “início de uma invasão russa da Ucrânia”.

O governo russo e a mídia controlada pelo Estado alegaram repetidamente, sem evidências, que a Ucrânia está realizando um “genocídio” contra falantes da língua russa e representa uma ameaça à região controlada por separatistas apoiados pela Rússia.

Segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em seu pedido, as entidades rebeldes dizem que estão tentando evitar baixas civis e uma "catástrofe humanitária" nos territórios sob seu controle. Eles denunciam que a "agressão militar contínua" da Ucrânia está destruindo escolas, hospitais, creches e infraestrutura civil e industrial, e ameaçando vidas humanas, incluindo crianças. “As ações do regime de Kiev demonstram a falta de vontade de acabar com a guerra em Donbass”, apontam.

Autoridades de segurança americanas e europeias alertaram repetidamente que o governo de Putin em Moscou está planejando uma operação de “bandeira falsa”, um ataque inventado para justificar uma ofensiva russa.

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Entre as opções militares disponíveis para Putin estão uma ofensiva em áreas ainda sob controle ucraniano que são reivindicadas pelos separatistas, ou um ataque nacional muito mais amplo à Ucrânia, que desencadearia a maior guerra na Europa desde a 2ª Guerra.

Autoridades do Pentágono dizem que as forças russas estão se preparando há meses para um ataque em grande escala e agora estão em posição de realizá-lo. Esse ataque provavelmente incluirá mísseis, ataques aéreos, operações de forças especiais, um ataque anfíbio e tropas terrestres, e pode começar a qualquer momento, disse a autoridade.

O funcionário do Departamento de Defesa ecoou a avaliação de Biden de que a Rússia havia iniciado uma invasão da Ucrânia nos territórios orientais de Donetsk e Luhansk, mas disse que não tinha detalhes sobre os números precisos ou a localização das tropas nas áreas controladas pelos separatistas. 

Os Estados Unidos estão preocupados com indicações de que a Rússia planeja mobilizar suas forças de reserva. "Temos indicações de que eles planejam usar reservas e seu equivalente da Guarda Nacional e isso é preocupante porque isso nos conotaria objetivos de longo prazo", disse o funcionário.

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Mais cedo, o primeiro-ministro da LetôniaArturs Krišjānis Kariņš, disse em entrevista ao canal americano CNN que forças russas já estavam em movimento nas regiões separatistas da Ucrânia. "De acordo com as informações à minha disposição, Putin está movendo forças e tanques adicionais para os territórios ocupados de Donbass. Em qualquer definição, isso é considerado uma travessia de um território soberano para um país vizinho", disse.

Ucrânia decreta emergência

Com a escalada de tensões, o governo daUcrânia decretou estado de emergência no país. O decreto aprovado pelo Parlamento prevê a instauração de toque de recolher, mobilização de reservistas e veto a reuniões em público e terá a duração de 30 dias. 

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Parlamento também aprovou uma lei para permitir que as pessoas carreguem armas de fogo para sua defesa. A Ucrânia também denunciou uma nova onda de ataques cibernéticos que atingiram o governo ucraniano e sites bancários. Mais cedo, o governo da ucraniano já havia solicitado que cidadãos não visitem a Rússia e alertou que ucranianos que já estão no país vizinho devem sair imediatamente. 

Os países ocidentais estão respondendo desde terça-feira com novas sanções à Rússia, mas Ucrânia pede por medidas ainda mais duras. "Para impedir Putin de mais agressões, pedimos aos parceiros que imponham mais sanções à Rússia agora", escreveu o ministro ucraniano Dmytro Kuleba no Twitter.

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"Os primeiros passos decisivos foram dados ontem, e estamos gratos por eles. Agora a pressão precisa aumentar para parar Putin. Ataquem sua economia e comparsas. Ataquem mais. Ataquem forte. Ataquem agora", continuou.

Nesta quarta-feira, o presidente Biden anunciou que os Estados Unidos imporão sanções à empresa encarregada de construir o gasoduto Nord Stream 2, entre a Rússia e a Europa. Além disso, o governo americano sinalizou que está pronto para impor uma proibição às exportações de tecnologia americana que são vitais para a economia russa, caso a a situação escale para um conflito armado.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, disse que sancionar o próprio presidente Putin continua sendo uma opção. “Isso seria um passo de escalada, assim como sancionar os maiores bancos e componentes adicionais do setor financeiro, ou tomar medidas de controle de exportação", disse a repórteres./NYT, REUTERS e W.POST

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