Trump acusa a Arábia Saudita de 'mentir' sobre morte de jornalista

'Obviamente, houve decepção e mentiras' disse presidente ao Washington Post. No entanto, Trump ressaltou importância do laço entre Washington e Riad

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Trump disse inicialmente que versão do regime árabe sobre assassinado era crível, depois voltou atrás e reconheceu que faltam respostas. Foto: Nicholas Kamm / AFP

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou a Arábia Saudita de mentir sobre a morte do jornalista Jamal Khashoggi, no comentário mais forte que ele fez sobre o assunto.

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"Obviamente, houve decepção e mentiras", disse o presidente na noite de sábado, 20, sobre as mudanças de considerações fornecidas por Riad.v

Assim, Trump mudou sua posição de que a última explicação da Arábia Saudita sobre a morte do jornalista dentro de seu consulado em Istambul era crível, mas disse que ainda confiava na liderança do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman. 

Os funcionários sauditas afirmaram originalmente que Khashoggi, que entrou na embaixada em 2 de outubro, saiu ileso, antes de anunciar que morreu dentro do edifício durante uma briga.

Trump, no entanto, ressaltou a importância do relacionamento entre os Estados Unidos e a Arábia Saudita para os objetivos estratégicos regionais de Washington. Ele descreveu o príncipe de 33 anos, conhecido como MBS, como "uma pessoa forte, ele tem um controle muito bom".  "Ele é visto com uma pessoa que pode manter as coisas sob controle. Eu digo isso de uma maneira positiva", disse Trump, para quem os oficiais de inteligencia ainda não mostraram qualquer evidência que sugira que MBS tenha uma papel direto na morte do jornalista.  "Ninguém me disse que é o responsável, ninguém me disse que não é o responsável, não chegamos a esse ponto. Não ouvi isso de forma alguma. Há uma possibilidade de que MBS descobriu mais tarde. Pode ser que algo no prédio tenha dado errado. Ele (Khashoggi) poderia saber que estava voltando à Arábia Saudita." De acordo com oficiais turcos, Khashoggi foi torturado e violentamente assassinado por agentes sauditas que viajaram de Riad para esse fim. O presidente turco Recep Tayyip Erdogan prometeu neste domingo que revelará a "crua realidade" sobre o assassinato de Jamal Khashoggi, ao anunciar que fará uma declaração sobre o caso no próxima terça-feira.

"Aqui estamos buscando justiça e isto será revelado com sua crua realidade, não com alguns passos ordinários, e sim com toda a verdade", disse Erdogan durante um comício em Istambul.

Reino Unido, França e Alemanha afirmaram neste domingo, em um comunicado conjunto, que existe "uma necessidade urgente de esclarecimento sobre as circunstâncias da morte "inaceitável" do jornalista. O texto diz que é preciso saber "exatamente o que aconteceu em 2 de outubro, além das hipóteses até agora mencionadas pela investigação saudita".

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"Portanto, insistimos no fato de que são necessários e esperamos mais esforços para estabelecer a verdade de maneira integral, transparente e crível", ressaltaram os três países, que afirmam ser "inaceitável" ameaçar, atacar ou matar jornalistas sob qualquer circunstância. / AFP e W.Post

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