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Trump admite diálogo com presidente ucraniano sobre ‘corrupção dos Biden’

Trump disse que não houve nada de inapropriado no telefonema, mas admitiu ter citado ex-vice de Obama nas conversas

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reconheceu neste domingo, 22, ter falado sobre seu possível rival na eleição de 2020, Joe Biden, com o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, em um telefonema, em meio à movimentação dos democratas para que ele seja investigado sobre uma possível pressão política sobre o líder ucraniano para investigar Biden e seu filho Hunter. 

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Na semana passada, a imprensa americana divulgou que um funcionário de inteligência do governo fez uma denúncia anônima sobre Trump. Essa fonte reportou a seus superiores que o presidente teria discutido detalhes sigilosos com Zelenski, o que não é permitido. 

O Conselho Nacional de Inteligência deveria ter notificado a Câmara, que é controlada pelos democratas, sobre o caso, o que não ocorreu. 

Segundo o Wall Street Journal, Trump pediu oito vezes a Zelenski no telefonema que os ucranianos investigassem a atuação do filho de Biden na diretoria de uma empresa de gás local e ajudassem seu advogado pessoal, Rudy Giuliani, na investigação sobre supostas irregularidades de Hunter Biden na companhia. 

Trump disse que não houve nada de inapropriado no telefonema, mas admitiu ter citado Biden nas conversas. “Basicamente o felicitei (pela eleição) e falamos de corrupção e do fato de que não queremos pessoas como o ex-vice-presidente Biden e seu filho criando corrupção na Ucrânia”, disse Trump. 

Giuliani já reconheceu publicamente ter pressionado membros do governo ucraniano para investigar o filho de Biden. Na sexta-feira, Trump pediu à imprensa americana que a família do ex-vice-presidente seja investigada também, sem admitir que tinha falado sobre o rival com Zelenski, como o fez no domingo à tarde. 

Donald Trump dá entrevista na Casa Branca Foto: EFE/EPA/JIM LO SCALZO

Ajuda à Ucrânia foi congelada após telefonema sobre Biden

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O interesse do presidente nas ações da família de Biden na Ucrânia coincidem com a decisão da Casa Branca de congelar US$ 250 milhões em verbas de segurança para o país. Apesar disso, não há indíciod até agora de que o dinheiro foi mmencionado no telefonema. 

Giuliani, no entanto, ironizou a tentativa dos democratas de investigar se há uma correlação entre o congelamento da ajuda à Ucrânia e a pressão por investigações a rivais políticos de Trump. “Eles (os democratas) perderam qualquer credibilidade.”

O ex-prefeito de Nova York, que também pertence ao Partido Republicano, disse que o caso da Ucrânia é bem-vindo porque joga os holofotes na atuação da família de Biden na Ucrânia.

“A realidade é que eu quero que os Democratas pressionem mais sobre o que eu diz na Ucrânia”, disse. “Só estou fazendo o meu trabalho como um pobre e simples advogado defendendo os interesses do seu cliente.”

As pesquisas de opinião favoráveis a Joe Biden provavelmente refletem o fato de que muitos americanos acreditam que ele tem as melhores condições para derrotar Trump. Foto: Elizabeth Frantz para The New York Times

Biden denuncia abuso de poder de Trump

Biden disse à imprensa neste domingo que as ações de Trump parecem “ser um aterrador abuso de poder”.  “Sei o que estou enfrentando, um abusador em série. É isso que esse cara é”, afirmou Biden. 

O Partido Democrata se mostrou dividido sobre pressionar pela abertura de um processo de julgamento político contra Trump desde que ele chegou ao poder, em 2017.

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Mas o influente deputado Adam Schiff, presidente del Comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes, disse no domingo que suas próprias dúvidas sobre o impeachment estavam desaparecendo com a ligação de Trump à Ucrânia. 

“Estamos falando de abuso grave ou flagrante e possível violação da lei”, disse Schiff à CNN. Ele pediu ainda a divulgação total de qualquer conduta ilícita do presidente . “Eu tenho muita relutância em seguir o caminho da destituição, (mas) o presidente está nos empurrando nesse caminho”. / AFP e NYT