Trump alerta para possível colapso do mercado se for submetido a um processo de impeachment

Presidente dos EUA também fez duras críticas ao Departamento de Justiça e a seu chefe, o secretário Jeff Sessions: 'Ele nunca assumiu o controle do Departamento de Justiça e isso é uma coisa incrível'

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Por Redação
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WASHINGTON - O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou em uma entrevista exibida nesta quinta-feira, 23, que a economia americana pode entrar em colapso se ele sofrer um impeachment. Trump também fez duras críticas ao Departamento de Justiça e a seu chefe, o secretário Jeff Sessions. “Ele nunca assumiu o controle do Departamento de Justiça e isso é uma coisa incrível”, disse o presidente ao programa Fox & Friends.

"Não sei como você pode submeter a um impeachment alguém que tem feito um grande trabalho", disse Trump durante entrevista Foto: Leah Millis / Reuters

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A entrevista foi uma tentativa de Trump se defender depois de uma série de reveses nos últimos dias que deixaram seu governo pressionado e ameaçado pela possibilidade de um processo de impeachment

Na conversa com a apresentadora Ainsley Earhardt, Trump atacou um dos fundamentos do sistema legal americano: a delação premiada. “Se você pega dez anos de prisão, mas inventa coisas ruins sobre alguém, vira um herói nacional”, disse. Mudar de lado assim deveria ser ilegal.” 

Na terça-feira, seu ex-advogado Michael Cohen se declarou culpado em um tribunal federal e confirmou que realizou pagamentos ilegais, a pedido de Trump, para silenciar mulheres que tiveram casos com ele, violando leis  de financiamento eleitoralNo mesmo dia, um júri declarou culpado o ex-chefe de campanha de Trump, Paul Manafort, em 8 das 18 acusações que pesavam contra ele, entre elas a de fraude fiscal.

“Se eu for submetido a um impeachment, acho que o mercado poderá entrar em colapso. Todos poderemos ficar mais pobres”, disse Trump. “Não sei como se pode submeter a um impeachment alguém que fez um grande trabalho.” Depois de se defender, Trump atacou Sessions. A investigação sobre o suposto conluio da campanha de Trump com a Rússia, nas eleições de 2016, está sob responsabilidade do Departamento de Justiça. 

Michael Cohen ePaul Manafort são as principais ameaças a Donald Trump Foto: Andres Kudacki / The New York Times; Shawn Thew / EFE; Mandel Ngan / AFP

Em 2017, no entanto, Sessions se declarou incapaz de supervisionar o caso, já que trabalhou na campanha. Assim, a Casa Branca perdeu o controle das investigação, liderada por Robert Mueller.
O presidente lamentou ter nomeado Sessions e reclamou da “falta de ação do secretário. “Antes de eu chegar aqui, havia corrupção. É do governo Obama. Ninguém fez nada, nem Sessions.” Questionado se poderia demitir Sessions depois das eleições legislativas de novembro, Trump afirmou “pode ser uma ideia”. 
A irritação de Trump com o Departamento de Justiça aumentou nos últimos meses, diante do avanço das várias frentes de investigação sobre a campanha de Trump e seus associados. Analistas acreditam que o presidente possa estar se movimentando para demitir Sessions e colocar à frente do Departamento de Justiça alguém que interrompa ou abafe a ação de Mueller. 
A ideia de demitir Sessions era rejeitada pela cúpula republicana até poucos meses atrás. Nesta quinta-feira, 23, no entanto, três senadores não descartaram a possibilidade. “O presidente tem direito a um secretário de Justiça em quem ele confie, e acho que isso vai acontecer mais cedo do que tarde”, disse o senador republicano Lindsey Graham.
De maneira pouco comum, Sessions rebateu o presidente. “Assumi o controle do Departamento de Justiça no dia em que fui empossado”, disse Sessions, em comunicado. “Enquanto eu for secretário, as ações do Departamento de Justiça não serão influenciadas por considerações políticas.” / W.POST e NYT

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