
24 de outubro de 2018 | 23h51
O presidente americano, Donald Trump, desestimou nesta quarta-feira a ameaça de violência política e, em discurso no Estado de Wisconsin, culpou os democratas e a mídia pelo ataque com pacotes-bomba.
“A imprensa tem responsabilidade de adotar um tom mais civilizado e parar as hostilidades constantes e os ataques negativos e, muitas vezes, falsos”, disse Trump.
Autoridades dos EUA interceptaram nesta quarta-feira pacotes com explosivos enviados a líderes democratas, entre eles o ex-presidente Barack Obama, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton e o empresário George Soros, doador frequente do partido.
Um dos envelopes foi entregue por engano na sede da CNN, em Nova York, endereçado ao ex-diretor da CIA John Brennan, que trabalha na emissora NBC. Todos os destinatários foram alvos de críticas recentes do presidente Trump, a dias da eleição legislativa do dia 6.
Nas primeiras horas após a descoberta dos pacotes, o FBI abriu uma investigação para identificar os responsáveis e pediu que qualquer cidadão que possua informações entre em contato com as autoridades. “A investigação é prioridade”, disse o diretor do FBI, Christopher Wray.
As autoridades americanas afirmaram que é possível que outros pacotes ainda não tenham chegado aos destinatários e é preciso que as pessoas se mantenham vigilantes nos próximos dias. A polícia investiga um pacote que teria como destinatário o ex-vice-presidente John Biden.
O maior tumulto ocorreu em Nova York, após o Time Warner Center, sede da CNN, ser esvaziado. A emissora fazia uma transmissão ao vivo quando o alarme de emergência soou. A região é movimentada, próxima a um metrô que faz ligação para diferentes linhas da cidade.
Os pacotes para Hillary e Obama foram interceptados pelo serviço secreto. Hillary agradeceu e também pediu união. “Vivemos tempos de profundas divisões e temos de fazer tudo para unir o país”, disse a ex-secretária de Estado, derrotada por Trump nas eleições de 2016.
O primeiro pacote suspeito foi endereçado ao bilionário George Soros, na segunda-feira. No dia seguinte, agentes interceptaram uma encomenda a Hillary. Ontem, foram identificadas correspondências destinadas a Obama, à CNN, à deputada Maxine Waters e ao ex-secretário de Justiça Eric Holder. No caso de Holder, a entrega não pôde ser feita no endereço previsto e foi encaminhada à congressista Debbie Wasserman Schultz, na Flórida, que constava como remetente.
A porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, qualificou os atos de “ações terroristas desprezíveis” e disse que os responsáveis “prestarão contas à Justiça”. “O Serviço Secreto dos EUA e outras agências estão investigando e tomarão todas as ações apropriadas para proteger qualquer um que seja ameaçado por esses covardes.”
O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, disse que os pacotes enviados foram “claramente um ato de terror, que tenta minar a liberdade dos veículos de imprensa” nos EUA. O governador do Estado de Nova York, Andrew Cuomo, e o comissário da polícia da cidade, James O’Neil, também condenaram os ataques.
Os pacotes foram encaminhados para análise no laboratório do FBI, em Virgínia. Ainda não foram divulgadas informações sobre a periculosidade dos pacotes ou algo sobre suspeitos. Uma fonte disse que os artefatos tinham sido feitos com pedaço de cano e teriam cacos de vidro e uma bateria.
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