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Trump defende que EUA reconheçam o Golan como território israelense

Pertencente à Síria colinas foram anexadas pelos israelenses na Guerra dos Seis Dias, em 1967

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu nesta quinta-feira,21, que o país reconheça as Colinas do Golan como parte de Israel, contradizendo décadas da política externa americana e provavelmente violando uma resolução da ONU sobre o caso. 

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, elogiou o anúncio de Trump, que ocorreu durante a visita do secretário de Estado Mike Pompeo ao país e às vésperas das eleições gerais em Israel.

O presidente americano, Donald Trump Foto: Nicholas Kamm / AFP

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O território pertence à Síria e foi anexado pelos israelenses na Guerra dos Seis Dias, em 1967, junto com a Península do Sinai, que seria devolvida ao Egito, nos anos 70, a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, desocupada em 2005.

O território pertence à Síria e foi ocupado pelos israelenses na Guerra dos Seis Dias, em 1967, juntamente com a Península do Sinai, que seria devolvida ao Egito, nos anos 70, a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, a última desocupada em 2005. O Golan foi formalmente anexado a Israel em 1981. No entanto, a ONU diz que Israel deve se retirar dos territórios. 

Mais tarde, em entrevista à Fox News, Trump disse que ele considera já há algum tempo a possibilidade de reconhecer oficialmente o Golan como parte de Israel e essa decisão não tem relação com um possível apoio a Netanyahu na eleição israelense, em abril. “Eu não sabia disso”, disse ele, sobre a eleição, na qual Netanyahu enfrenta dificuldades. “Eu sou um presidente que cumpre o que diz enquanto os outros apenas falam.”

A Casa Branca não quis comentar se a declaração de Trump significará uma mudança da política americana sobre o Golan – área estratégica que separa Israel da Síria, Líbano, Síria e Jordânia. Netanyahu, apesar disso, dá o caso como encerrado. 

“Primeiro, ele reconheceu Jerusalém como capital e transferiu a embaixada para cá. Depois, desistiu do acordo com o Irã. Agora, fez algo de extrema importância”, comentou o premiê israelense, em Jerusalém, ao lado de Pompeo. 

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Historicamente, o governo americano e as Nações Unidas dizem que o território israelense e as fronteiras de um futuro Estado palestino devem ser definidas por meio de negociações. Após os Acordos de Oslo, de 1992, que instituíram a Autoridade Palestina sobre áreas da Cisjordânia, no entanto, o processo não avançou. No governo do presidente Barack Obama, as negociações fracassaram de vez, após anos de idas e vindas. Com um discurso agressivo, Trump pretende reiniciar as negociações e encarregou seu genro, Jared Kushner, de iniciar o processo, até agora sem avanços práticos. 

Desde a anexação do Golan, aumentou a instalação de colonos israelenses no território, o que tem provocado o protesto da Síria, de líderes palestinos e de países árabes em fóruns internacionais. “O que o amanhã trará? Instabilidade e mais derramamento de sangue”, disse o secretário-geral da Organização para Libertação da Palestina (OLP), Saeb Erekat, veterano negociador de um acordo de paz com os israelenses. 

Analistas e observadores do conflito no Oriente Médio criticaram as declarações de Trump e alertaram para o risco de que outros líderes mundiais se sintam livres para anexar territórios de países vizinhos.

“Putin, por exemplo, pode usar isso como pretexto para justificar a anexação da Crimeia”, disse o ex-diplomata americano Martin Indyk, ele próprio um negociador do conflito entre israelenses e palestinos. “A direita israelense, por sua vez, vai usar isso para justificar a anexação da Cisjordânia. É um movimento gratuito.”

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Antes das declarações do presidente americano, o embaixador da Síria na sede da ONU, em Genebra, Hussam el-Din Ala alertou Israel contra “tentativas maliciosas de explorar a guerra civil síria para consolidar a ocupação das Colinas do Golan”, segundo informações da agência oficial Sana.

Posição síria

A Síria condenou a declaração do presidente Donald Trump e chamou o pronunciamento de "irresponsável". O ministro do exterior sírio afirmou nesta sexta-feira, 22, que os comentários do presidente norte-americano "confirma a manipulação cega entre os Estados Unidos e a entidade sionista", se referindo a Israel.

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A autoridade ainda afirmou que o pronunciamento de Trump não o muda o fato que "o Golan era e permanecerá sendo árabe e sírio". / REUTERS E NYT

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