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Trump desiste de postura mais moderada e volta a defender cloroquina

Em postura contraditória, presidente dos EUA muda de comportamento em relação à pandemia após casos aumentarem e em meio a críticas sobre a condução da crise sanitária

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - A mudança de atitude de Donald Trump envolvendo a pandemia durou pouco. Na terça, 28, o presidente dos Estados Unidos voltou a criar polêmica sobre o novo coronavírus ao transmitir informações erradas sobre os tratamentos e se apresentando como uma vítima de ataques injustos sobre sua gestão da crise sanitária.

Visivelmente cansado durante uma coletiva de imprensa, Trump mostrou seu descontentamento com a popularidade do imunologista Anthony Fauci e outros cientistas do gabinete de crise da Presidência contra a pandemia. "Eles são muito respeitados, mas ninguém gosta de mim, deve ser por causa da minha personalidade", declarou Trump. A menos de 100 dias das eleições presidenciais e em um momento em que as pesquisas de intenção de voto apontam o democrata Joe Biden como favorito.

O presidente dos EUA, Donald Trump, na Casa Branca Foto: REUTERS/Jonathan Ernst

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Na noite de terça, o Twitter removeu um vídeo publicado por Trump contendo informações falsas sobre o novo coronavírus. De acordo com um porta-voz da rede social, ouvido pela agência de notícias francesa AFP, os tuítes e o vídeo violavam a política de desinformação sobre a covid-19. O mesmo vídeo foi excluído pelo Facebook sob a justificativa de que compartilhava informações falsas sobre curas e tratamentos para a doença.

As imagens do vídeo mostravam um grupo de médicos fazendo afirmações falsas sobre a pandemia do novo coronavírus. Diziam, por exemplo, que máscaras não são necessárias para conter a doença e que "existe um tratamento" para a covid-19: a hidroxicloroquina.

O presidente republicano promoveu o uso da cloroquina como solução para o coronavírus desde o início da pandemia, mas diversos estudos científicos descartaram sua eficácia. A Agência de Medicamentos americana (FDA) retirou a autorização para que o remédio fosse receitado por médicos no tratamento de casos graves.

'Li muito sobre a cloroquina'

Após ser questionado sobre o porquê da insistência no uso da hidroxicloroquina, Trump afirmou que tem "lido muito" sobre o medicamento e que o tema estava politizado. "Quando eu recomendo algo, vocês gostam de dizer 'não usem'", completou.

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Em razão do efeito dos resultados de pesquisas de opinião sobre as eleições presidenciais de novembro, Trump vinha mudando a narrativa sobre a pandemia. Ele reconheceu a gravidade da crise sanitária, pediu à população que usasse máscara e alardeou sua relação excelente como os especialistas do grupo que presta assessoria à Casa Branca.

Depois de uma melhora, a pandemia ganhou ainda mais força nos Estados Unidos. Segundo levantamento da agência de notícias britânica Reuters, 1.300 pessoas morreram no país apenas na terça-feira, no maior número desde maio. Seis Estados - Arkansas, Califórnia, Flórida, Óregon e Texas - bateram o recorde diário de óbitos.

Trump x Fauci

Com o cenário desfavorável, Trump voltou a atacar Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas. Na tarde de terça, o presidente compartilhou uma teoria da conspiração segundo a qual o especialista ajudou a impulsionar o vírus a fim de evitar sua reeleição. O presidente também compartilhou um comentário de podcast em que um ex-assessor diz que Fauci enganou os americanos em vários assuntos.

Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas, responde pergunta de repórter enquanto o presidente Donald Trump observa. Foto: Doug Mills/The New York Times - 22/04/2020

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"O senhor pode continuar fazendo o seu trabalho quando o presidente questiona publicamente a sua credibilidade?", perguntou a Fauci um jornalista do canal ABC. "Eu não tuíto. Sequer leio os tuítes", respondeu o pesquisador. "Não enganei os americanos sob hipótese alguma. Estamos no meio de uma crise, uma pandemia. Foi para isso que me treinei durante toda a minha vida profissional."

Ao ser perguntado sobre as pesquisas em andamento envolvendo possíveis vacinas, Fauci disse ser "cautelosamente otimista" em relação a notícias positivas que chegariam "no fim do outono e começo do inverno"./ Com informações de AFP e REUTERS

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