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Trump diz que cortará ajuda a Guatemala, Honduras e El Salvador

ONU fala que 7 mil já aderiram à caravana, entre eles, muitos deportados; anúncio do presidente americano foi feito em conta no Twitter

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - O presidente dos EUA, Donald Trump, disse nesta segunda-feira que Guatemala, Honduras e El Salvador não conseguiram impedir que as pessoas deixassem seu país e entrassem ilegalmente nos EUA. Diante disso, ele anunciou que começará a "cortar ou a reduzir substancialmente a enorme ajuda externa dada rotineiramente a eles". 

Migrantes passam criança por cima de barreira entre Guatemala e México, em Ciudad Hidalgo, no Estado mexicano de Chiapas. Foto: Pedro Pardo / AFP

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Dados do governo americano e de uma ONG de monitoramento, no entanto, apontam que a ajuda americana para países da América Central já diminuiu nos últimos dois anos: de US$ 750 milhões em 2016 para US$ 615 milhões em 2018.

As mais de 7 mil pessoas que foram se juntando à caravana, segundo dados da ONU, chegaram no fim de semana à cidade mexicana de Tapachula, na fronteira com os EUA, após percorrerem o caminho a pé desde a fronteira da Guatemala. Elas desafiam as ameaças de Trump de fechar a fronteira com o México, assim como os alertas do governo mexicano. 

Em uma série de tuítes, Trump disse ainda ter alertado autoridades militares e federais de patrulhamento da fronteira que a caravana representa uma emergência nacional. 

Sem apresentar evidências, o presidente americano disse que na caravana estão misturados “criminosos e desconhecidos do Oriente Médio”, que segundo ele querem invadir os EUA. 

“Guatemala, Honduras e El Salvador não foram capazes de impedir essas pessoas de deixarem seus países e de entrarem ilegalmente nos EUA. Nós iremos, agora, começar a cortar, ou reduzir substancialmente, o massivo auxílio externo dado rotineiramente a eles”, escreveu Trump. Não estava claro quais pagamentos Trump estava se referindo ou como pretender agir com a aprovação do Congresso. 

A 15 dias das eleições de meio de mandato, os comentários de Trump tornaram a caravana uma grande questão sobre imigração no país, que segundo o jornal The New York Times, a Casa Branca tenta usar para mobilizar eleitores da base republicana. 

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“Todas as vezes que você vir uma caravana, ou pessoas entrando ilegalmente, ou tentando entrar em nosso país ilegalmente, pense e culpe os democratas por não nos dar os votos necessários para mudar nossa patética Lei Migratória! Lembre-se das (eleições de) meio de mandato! Isso é tão injusto com aqueles que chegam ao país legalmente.” 

Apesar de Trump culpar os democratas, alguns projetos de lei sobre imigração que ele apoiou não passaram na Câmara controlada por seu partido devido a disputas entre a ala mais conservadora e a mais moderada dos republicanos e não por objeção democrata.

7 Mil

Segundo a ONU, mais de 7 mil pessoas se juntaram à caravana de imigrantes. "A caravana inclui 7.233 pessoas, a maioria das quais pretende continuar sua marcha para o norte", disse o vice-porta-voz da ONU Farhan Aziz Haq durante entrevista coletiva, enfatizando a necessidade de todos serem "tratados com respeito e dignidade". A estimativa foi levantada pela Organização Internacional para as Migrações.

Deportados 

Muitos dos que integram a caravana já estiveram em território americano antes. E foram deportados. Elas viveram nos EUA por anos ou décadas e agora estão se juntando à caravana para tentar reencontrar a família que ficou para trás ou buscar uma nova oportunidade de emprego. 

Segundo o Washington Post, alguns desses imigrantes voltaram para seus países de origem voluntariamente há muito tempo, mas agora estão decididos a voltar para os EUA. 

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“Agora é a minha hora. É um país onde eu posso viver minha vida, diferentemente da Guatemala”, disse Job Reyes, de 36 anos, que passou sua infância e adolescência em Los Angeles, onde completou os estudos. 

Ele explicou que voltou para a Guatemala quando seu visto expirou, há 14 anos. Reyes encontrou um emprego de call center em uma companhia de serviço de celular Metro PCS, onde pôde manter a fluência no inglês, ganhando cerca de US$ 500. “Quando eu ouvi sobre a caravana, eu sabia que essa era a minha chance”, disse. Ele ligou para um primo e um tio na Califórnia e disse que estava a caminho. 

Juan Jimenez, de 32 anos, disse ter sido deportado para Honduras há seis meses de Phoenix (Arizona), onde trabalhava para uma companhia de pisos de madeira. Ele disse que estava a caminho para ver seu filho de 6 anos, que ainda vive no Arizona. “Sinto a falta dele”, disse. /NYT, W. POST e REUTERS