Trump diz que republicanos estão 'perdendo tempo' tentando aprovar lei migratória antes das eleições

Nas últimas duas semanas, o presidente e vários membros do gabinete repetiram, como um mantra, que a chave para a solução para a crise de separação de famílias está no Congresso, que devia aprovar uma lei migratória

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Por Redação
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WASHINGTON - O presidente dos EUA, Donald Trump, disse nesta sexta-feira, 22, que os republicanos deveriam parar de "gastar o tempo deles" com imigração, sugerindo que eles deveriam se poupar do esforço de aprovar uma legislação até as eleições de meio de mandato, em novembro.

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Na votação, segundo ele, os republicanos conseguirão eleger mais membros para o Congresso e, assim, aprovar a "melhor, mais justa e ampla legislação sobre imigração de todo o mundo", escreveu Trump, no Twitter. 

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Em dois tuítes, Trump prometeu a seus seguidores que, se elegerem mais republicanos em novembro, o partido aprovará "as melhores, mais justas e mais abrangentes leis imigratórias de todo o mundo". "Agora, temos as piores e mais burras (leis)", criticou. "Podemos aprovar Grandes leis após a Onda Vermelha!", exclamou o presidente americano, em referência à cor pela qual o Partido Republicano é conhecida nos EUA.

O deputado democrata Adam Schiff acusou Trump de usar as crianças para obter financiamento para a construção de um muro na fronteira Foto: Tom Brenner/The New York Times

A Câmara dos Deputados americana adiou para a semana que vem uma votação crucial sobre reforma migratória, em meio à polêmica sobre os mais de 2,3 mil menores separados de seus pais na fronteira.

Os deputados rejeitaram, em uma primeira votação, um projeto de lei claramente conservador, e as negociações afundaram antes da consideração de outro texto, de perfil mais moderado.

Diante desse cenário, os líderes das várias tendências na bancada do Partido Republicano iniciaram uma reunião a portas fechadas, aparentemente em uma tentativa de chegar a algum tipo de consenso.

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Nas últimas duas semanas, o presidente Trump e vários membros do gabinete repetiram, como um mantra, que a chave para a solução para a crise de separação de famílias está no Congresso, que devia aprovar uma lei migratória.

Em incontáveis mensagens e declarações, Trump responsabilizou diretamente os congressistas do Partido Democrata, os quais acusou de obstruir o caminho para uma solução. Na verdade, as negociações afundaram por divisões entre os republicanos.

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A discussão de uma lei de reforma do sistema migratório se movia com avanços e recuos no Congresso, há algum tempo, mas o tema se acelerou significativamente a partir de maio, logo após a adoção da política de "tolerância zero" com a imigração ilegal.

Definida pelo procurador-geral Jeff Sessions, essa política determina que todos os adultos que entrarem de modo ilegal nos EUA devem ser detidos e processados criminalmente.

Para milhares de famílias, isso significa que seus filhos menores de idade são separados e retidos em albergues dispersos por todo país.

De acordo com dados oficiais, entre 5 de maio e 9 de junho, 2.342 menores foram separados de suas famílias e são mantidos detidos pelas autoridades em centros temporários de acolhida divididos por grades que se parecem com jaulas.

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Na quarta-feira, Trump assinou um decreto, pondo fim à separação de famílias na fronteira, mas, até agora, não está claro como essa decisão será aplicada e quando se permitirá a reunificação das famílias agora separadas.

O projeto de lei que falta ser analisado no Congresso reforça, consideravelmente, a segurança na fronteira - uma exigência dos mais conservadores -, mas inclui dispositivos que são aceitáveis para os democratas.

Entre essas iniciativas, este projeto determina a proibição da separação de famílias de imigrantes e também formula uma solução definitiva para jovens que chegaram ao país quando crianças e que regularizaram sua situação durante o governo de Barack Obama - os chamados "dreamers".

Estimados em cerca de 700 mil em todo país, esses imigrantes em situação legal caíram em um limbo jurídico, depois que o presidente Trump decidiu não renovar seus vistos de residência.

A iniciativa inclui ainda um mecanismo para destinar recursos para a construção de um muro na fronteira com o México e põe um ponto final à migração de parentes de residentes.

Por enquanto, o Departamento de Saúde solicitou ao Pentágono que se prepare para abrigar em suas bases militares mais de 20.000 crianças que entraram desacompanhadas ao país, disse à France-Presse um funcionário do alto escalão. / AFP e NYT 

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