Trump enfrenta revolta republicana no Senado 

Partido tem maioria apertada de 52 das 100 cadeiras no Senado e pouca margem para deserções

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Por Cláudia Trevisan , Correspondente e Washignton 
Atualização:

Donald Trump é uma ameaça à democracia americana, à liderança global dos EUA e os republicanos no Congresso têm a responsabilidade de se contrapor a ele. As afirmações não partiram de um opositor democrata, mas de um senador do partido do presidente, em discurso no qual anunciou que não tentará a reeleição em 2018.

O senador republicano do Arizona Jeff Flake no Congresso americano Foto: Chip Somodevilla/Getty Images/AFP

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Eleito pelo Estado do Arizona, Jeff Flake é uma das vozes mais críticas a Trump entre os republicanos. Na terça-feira, 24, ele disse aos colegas que o silêncio diante do ataque a valores tradicionais do país promovido pelo presidente equivale à cumplicidade. “Quando a próxima geração nos perguntar por que você não fez alguma coisa? Por que você não se manifestou? O que vamos dizer?”, perguntou. “Eu tenho filhos e netos a quem responder.”

Flake enfrentava dificuldades para vencer a primária do Partido Republicano no próximo ano, em grande medida por suas posições críticas a Trump. No discurso de ontem, o senador também criticou sua legenda e afirmou que há cada vez menos espaço dentro dela para os que defendem princípios conservadores tradicionais, como livre mercado, livre comércio e imigração.

O partido tem maioria apertada de 52 das 100 cadeiras no Senado e pouca margem para deserções. Trump também é alvo de ataques de outro senador que decidiu não disputar a reeleição, Bob Corker, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Casa. Ontem, ele disse que se arrependeu de ter apoiado Trump, a quem acusou de “degradar” os EUA. Reeleito no ano passado, John McCain, de 81 anos, é outra voz de resistência a Trump dentro de seu próprio partido. 

O confronto ocorre no momento em que Trump tenta obter apoio para seu projeto de reforma tributária, com o qual pretende cortar US$ 1,5 trilhão em impostos, o equivalente a 8% do PIB. 

Flake e Corker ainda têm 14 meses de mandato, durante os quais não terão de pautar suas posições pelo cálculo político da reeleição. Ambos acreditam que o presidente é um fator de divisão e uma ameaça à liderança dos EUA no mundo. 

Em seu discurso de ontem, Flake disse que o silêncio não é uma opção quando o “as alianças e acordos que asseguraram a estabilidade do mundo são ameaçados por um nível de pensamento que cabe em 140 caracteres” – uma referência ao uso do Twitter por Trump. “A noção de que não devemos dizer ou fazer alguma coisa diante de um comportamento tão mercurial é histórica e equivocada.”/ AFP

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