
09 de fevereiro de 2017 | 13h37
PEQUIM - Após 20 dias de silêncio e diversas críticas e provocações à China, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou uma carta ao líder chinês, Xi Jiping, na qual prometeu trabalhar em conjunto para desenvolver a relação entre os dois países. O governo chinês agradeceu a iniciativa do republicano e disse atribuir grande importância aos laços bilaterais entre Pequim e Washington.
Na campanha presidencial e após a eleição, Trump usou sua conta no Twitter para acusar a China de desvalorizar o yuan propositalmente para obter benefícios comerciais e de aumentar a militarização no Mar do Sul da China, além de criticar a relação chinesa com a Coreia do Norte. Trump também irritou Pequim ao conversar por telefone com a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen. O diálogo foi considerado um desafio à política de uma só China - segundo a qual Washington não reconhece Taipé- e guia as relações bilaterais desde os anos 70.
Na carta, segundo a Casa Branca, o presidente americano agradece Xi por sua nota de congratulação pela sua posse e deseja ao povo chinês um ano-novo do galo próspero. "O presidente Trump declarou que anseia em trabalhar com o presidente Xi para desenvolver uma relação construtiva que beneficie tanto os Estados Unidos quanto a China", diz a nota.
A resposta chinesa foi amistosa. "Estimamos muito os votos do presidente Trump ao presidente Xi Jinping e ao povo chinês", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China Lu Kang em um boletim diário à imprensa.
Questionado se Trump foi esnobe ao ter ligado para muitos outros líderes mundiais como presidente, mas não para Xi, Lu respondeu: "Esse tipo de comentário não faz sentido".
China has been taking out massive amounts of money & wealth from the U.S. in totally one-sided trade, but won't help with North Korea. Nice! — Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 2 de janeiro de 2017
Did China ask us if it was OK to devalue their currency (making it hard for our companies to compete), heavily tax our products going into.. — Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 4 de dezembro de 2016
their country (the U.S. doesn't tax them) or to build a massive military complex in the middle of the South China Sea? I don't think so! — Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 4 de dezembro de 2016
O porta-voz reiterou que a China e os EUA vêm mantendo uma comunicação próxima desde que Trump tomou posse, e a cooperação é a única escolha correta. "A China está disposta a trabalhar com os Estados Unidos aderindo aos princípios de não confrontação, respeito mútuo e benefício mútuo para promover a cooperação, controlar disputas e, sobre uma fundação saudável e estável, promover um desenvolvimento maior nos laços China-EUA", disse Lu.
Trump e Xi ainda não se falaram diretamente desde que o republicano assumiu o cargo em 20 de janeiro, embora tenham conversado logo depois de o norte-americano vencer a eleição presidencial em novembro. Fontes diplomáticas em Pequim afirmam que a China receia que Xi seja envergonhado no caso de um telefonema com Trump dar errado e os detalhes serem vazados à imprensa americana. / REUTERS
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