WASHINGTON - O general H.R. McMaster vai renunciar à posição de conselheiro de Segurança Nacional e será substituído por John R. Bolton, um linha-dura, ex-embaixador dos Estados Unidos nas Nações Unidas, que defende a mudança de regime no Irã e um ataque preventivo à Coreia do Norte.
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A troca faz parte da série de mudanças que o presidente dos EUA, Donald Trump, vem fazendo em sua equipe de Segurança Nacional para se preparar para o encontro com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, em maio. Na semana passada, ele substituiu o secretário de Estado Rex W. Tillerson pelo ex-diretor da C.I.A., Mike Pompeo, também conhecido por ser um linha-dura. Nos dois casos, Trump trocou funcionários que costumavam contrariá-lo por outros mais próximos.
Ao contrário do que ocorreu com Tillerson, a saída de McMaster teria sido uma decisão mútua e amigável. “A liderança do General McMaster na equipe do Conselho de Segurança Nacional ajudou meu governo a realizar grandes coisas para reforçar a segurança nacional dos EUA”, escreveu Trump.
Apesar dos elogios, a relação entre os dois azedou nos últimos meses. No fim do ano passado, McMaster defendeu a manutenção do acordo entre Estados Unidos e Irã, uma visão contrária à do presidente americano. Em fevereiro, McMaster afirmou que a influência da Rússia na eleição dos EUA era “incontestável”. Ele foi repreendido de maneira dura por Trump, por meio do Twitter.
Na terça-feira, mais um choque marcou a relação entre os dois. Trump fez uma ligação para Vladimir Putin, recém-reeleito presidente da Rússia. No material preparado por McMaster, havia a recomendação enfática para que Trump não desse os parabéns a Putin pela vitória. Trump parabenizou Putin mesmo assim.
Linha-dura. John Bolton deve tomar posse no dia 9 de abril, mas conversou nesta quinta-feira, dia 22, com o presidente Trump sobre suas funções. Bolton é considerado um ultraconservador, uma das vozes mais radicais em política externa americana.
Ex-embaixador dos EUA na ONU no governo de George W. Bush, Bolton ganhou proeminência em maio de 2001, quando foi nomeado subsecretário de Estado para o controle de armas, basicamente tornando-o o principal diplomata com foco em armas de destruição em massa. Ele foi um dos primeiros a argumentar que Saddam Hussein tinha armas nucleares, químicas e biológicas – e também um dos responsáveis por construir a defesa desses argumentos que levariam à invasão do Iraque. A presença desse tipo de arsenal nunca foi provada.
Desde sua saída de Washington, no segundo governo Bush, Bolton se tornou uma figura marginal nos círculos políticos e setores conservadores americanos. Ressurgiu como defensor de grupos antimuçulmanos e comentarista de emissoras conservadoras. Escreveu artigos em grandes jornais defendendo intervenções militares dos EUA na Coreia do Norte e no Irã. Em três meses de 2018, Bolton apareceu ao menos 20 vezes em programas da Fox News.
O principal trabalho de Bolton será conduzir o Conselho de Segurança Nacional, o que inclui coordenar e sintetizar as políticas do Pentágono, do Departamento de Estado e outras agências. Ele apresentará ao presidente avaliações estratégicas de funcionários e dos secretários de Defesa e Estado.
“Bolton odeia o Departamento de Estado, ele acha que os diplomatas americanos são democratas enrustidos”, afirmou ao site Vox Richard Gowan, um professor da Universidade de Columbia que estudou a carreira de Bolton. “A política externa americana agora será moldada por alguém que realmente acredita que a guerra é a melhor resposta para os problemas do mundo.”/ NYT e W. POST