WASHINGTON - No terceiro dia consecutivo de declarações contra a imigração, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, revelou nesta terça-feira, 3, um plano para usar militares na proteção da fronteira americana com o México. A meta é evitar a entrada de imigrantes ilegais enquanto não consegue construir o muro que prometeu na campanha eleitoral.
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“Vamos proteger a nossa fronteira com os nossos militares. É um grande passo em frente. Não podemos ter tantas pessoas entrando no nosso país de forma ilegal, pessoas que depois desaparecem e nunca chegam a aparecer em um tribunal”, afirmou.
O presidente disse que falaria com o secretário de Defesa, Jim Mattis, sobre a decisão. “Estou conversando com Mattis e vamos acertar os detalhes nos próximos dias. Temos mesmo de fazer isso.”
Usar militares para proteger a fronteira não é incomum. Em 2006, o presidente George W. Bush enviou 6 mil soldados da Guarda Nacional para a fronteira com o México. Em 2010, Barack Obama mandou 1,2 mil militares com o objetivo de atenuar as consequências da violência entre os cartéis mexicanos. Em 2014, mil homens da Guarda Nacional policiaram a fronteira.
A diferença em relação a anos anteriores pode ser a dimensão do uso das tropas. Analistas ouvidos pela imprensa americana estimam que Trump possa usar de 20 mil a 30 mil homens em Estados como Califórnia e Texas.
Nos últimos dias, Trump tem concentrado seu discurso na proteção da fronteira com o México, sobretudo no combate à imigração ilegal. Ele criticou o governo mexicano por “afrouxar esforços para conter o fluxo irregular”.
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“Honduras, México e muitos outros países com os quais os EUA são muito generosos enviam muitos de seus cidadãos para o nosso país aproveitando nossa política de imigração. Caravanas estão vindo para cá. Precisamos construir o muro!”, escreveu Trump no Twitter. O presidente também ameaçou cortar a ajuda financeira a Honduras – os EUA enviam US$ 127 milhões anualmente ao país.
Na segunda-feira, dia 2, e na terça-feira, dia 3, Trump escreveu uma série de mensagens no Twitter contra o governo mexicano, fazendo referência a uma caravana de 1,2 mil imigrantes, sobretudo de Honduras, que atravessa o país vizinho em direção aos EUA. A marcha é organizado pelo movimento Povos Sem Fronteiras e serviria para “chamar a atenção para o fenômeno migratório”, segundo o grupo.
O governo mexicano emitiu nesta terça-feira, 3, um comunicado afirmando que informou ao governo americano, desde o primeiro dia, sobre a caravana e “não promove a imigração irregular em nenhuma circunstância”. O México também disse que “travou” a caravana, concedendo permissão de moradia para alguns integrantes e deportando outros. / NYT e W. POST