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Trump promete colocar os 'EUA em 1º lugar' na política externa

Em discurso para convidados em Washington, magnata também afirmou que pretende melhorar relações com Rússia e China e combater o islamismo radical se for eleito presidente

Por Cláudia Trevisan , Correspondente e Washington
Atualização:

WASHINGTON - Líder na corrida republica pela candidatura à Casa Branca, Donald Trump apresentou nesta quarta-feira, 27, sua visão para a política externa dos EUA, na qual atacou a globalização, enfatizou o nacionalismo, afirmou que aliados terão de pagar pela segurança militar americana e ameaçou usar punições de caráter econômico para forçar a China a se alinhar aos interesses de Washington.

"É o momento de tirar a ferrugem da política externa americana", declarou em discurso na capital dos EUA, no qual também propôs uma reaproximação com a Rússia e Vladimir Putin. Fugindo à sua prática habitual, Trump leu o texto em um teleprompter e recebeu aplausos contidos da plateia. Muitas de suas propostas representam uma mudança radical em relação aos princípios que regeram a atuação dos EUA no mundo depois da 2ª Guerra.

Trump fez discurso focado em seus planos para política externa caso se torne o próximo presidente americano Foto: AFP PHOTO | Brendan Smialowski

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Trump resumiu sua doutrina com o slogan "América em primeiro lugar", pela qual os interesses do país seriam sempre colocados acima dos demais. Sem mencionar o nome do republicano George W. Bush, o bilionário atacou muitas das políticas adotadas pelo último represente de seu partido a ocupar a Casa Branca. Trump disse que a Guerra do Iraque foi um desastre e que a tentativa de construir democracias no Oriente Médio fracassou. 

Segundo ele, os países da região não têm nenhum interesse em se tornar democracias no estilo ocidental. "Nós tornamos o Oriente Médio mais instável e caótico do que ele já era", criticou o pré-candidato.

Na visão de Trump, os EUA são um país enfraquecido, humilhado e desrespeitado, que precisa retomar uma posição de força global por meio da expansão de seu poderio militar e da exigência de que seus aliados contribuam financeiramente pela segurança americana. Ao mesmo tempo em que defendeu o investimento em defesa, o bilionário propôs o controle rigoroso de gastos e a redução do déficit e da dívida dos EUA, no que analistas viram como uma das inconsistências de sua proposta.

Em sua opinião, o presidente Barack Obama tem uma política externa desastrosa, que levou aliados americanos a duvidarem do comprometimento do país com sua defesa e inimigos a adotarem uma postura desafiadora em relação a Washington. Suas críticas se estenderam à sua provável adversária nas eleições presidenciais de novembro, Hillary Clinton, a quem ele enfrentará se ambos conseguirem a candidatura de seus partidos à presidência.

Apesar de defender uma política não-intervencionista, Trump afirmou que não hesitará em usar forças militares quando isso for necessário. Um dos cenário em que ele vislumbra essa possibilidade é o combate do Estado Islâmico e a erradicação do radicalismo islâmico, que ele apresentou como uma "batalha filosófica".

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Trump prometeu modificar a relação dos EUA com a China a partir de uma "posição de força". Seu objetivo é fazer com que o país asiático deixe de ter "vantagens econômicas" em relação aos Estados Unidos, entre as quais mencionou "o enorme déficit" comercial. Mas o candidato não mencionou sua proposta de impor tarifas de 45% na importação de produtos chineses.

Caso seja eleito, o bilionário pretende realizar cúpulas com os países europeus integrantes da Organização Atlântico Norte (Otan) e os aliados americanos na Ásia. Segundo ele, os encontros terão como alvo a redefinição dos arranjos financeiros que sustentam essas alianças e a revisão de seus objetivos.

"Para nossos amigos e aliados, eu digo que os EUA serão forte novamente, que os EUA serão confiáveis novamente", disse Trump. "(O país) será um aliado grande e confiável novamente."

A globalização e os acordos comerciais também foram criticados pelo candidato, que os vê como responsáveis pela perda de empregos industriais nos EUA. "Eu sou cético em relação a uniões internacionais que nos engessam", afirmou. "Nós nunca entraremos em nenhum acordo que reduza nossa habilidade de controlar nossas próprias questões."

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