Trump quer que EUA comprem a Groenlândia da Dinamarca

Governo da ilha, que pertence à Dinamarca, diz que o território não está à venda

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

O presidente americano, Donald Trump, consultou seus assessores sobre a possibilidade de os Estados Unidos comprarem a Groenlândia, segundo o Wall Street Journal.

PUBLICIDADE

Trump expressou interesse no vasto território autônomo dinamarquês - coberto principalmente por gelo -, perguntando a seus conselheiros se é possível que os Estados Unidos o adquiram, disse o jornal na quinta-feira, citando pessoas que conhecem as discussões.

O presidente tem curiosidade sobre os recursos naturais e a relevância geopolítica da área, segundo o WSJ. O ex-presidente Harry Truman já se dispusera a comprar a ilha em 1946 por US$ 100 milhões.

Plano irrita dinamarqueses e groenlandeses

A ideia irritou políticos dinamarqueses. Alguns parlamentares acusaram o americano de colonialismo ao cogitar da aquisição do território, conhecido pelas reservas de água doce, petróleo e gás. 

“Estamos abertos para negócios, mas NÃO à venda”, disse a ministra das Relações Exteriores da Groenlândia, Ane Lone Bagger,

“A ideia de que algum país possa comprar a Groenlândia - como se fosse uma colônia - é muito estranha”, disse Michael Aastrup Jensen, do partido de centro-direita Venstre. 

Publicidade

O ex-primeiro-ministro dinamarquês Lars Rasmussen comparou a iniciativa a uma brincadeira. “Deve ser uma piada de primeiro de abril”, escreveu em sua conta no Twitter. 

O presidente do Comitê de Relações Exteriores do Parlamento dinamarquês, Martin Lidegaard, foi na mesma linha. “Os habitantes da Groenlândia tem seus direitos”, disse. “Espero que seja uma brincadeira.” 

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos Foto: Kevin Lamarque/Reuters

Ideia provoca dúvidas no governo americano

A Groenlândia é uma região autônoma da Dinamarca, que colonizou a ilha de dois milhões de quilômetros quadrados no século 18 e abriga cerca de 57.000 pessoas, a maioria pertencente à comunidade inuit. 

A Casa Branca não emitiu nenhuma declaração oficial e a embaixada dinamarquesa em Washington não comentou o caso.

Alguns conselheiros de Trump acreditam que adquirir a Groenlândia pode ser benéfico para os Estados Unidos, enquanto outros consideram a ideia um "fascínio efêmero" do presidente, afirma o Wall Street Journal

Opositores de Trump dizem que esse interesse decorre de um desejo de deixar um legado de sua administração, de acordo com o jornal. 

Publicidade

EUA tem base militar na Groenlândia

Assessores do presidente discutem o potencial de investigação e maior influência militar dos Estados Unidos.  A Base Aérea de Thule, americana, está na Groenlândia há décadas. 

A Groenlândia é coberta em 85% por uma faixa de gelo de 3 km de espessura que contém 10% das reservas de água doce do planeta. 

Mas a maior ilha do mundo sofreu os efeitos da mudança climática, segundo os cientistas, e se tornou um bloco gigante de gelo no processo, ameaçando inundar as áreas costeiras do planeta algum dia. 

Grandes rios de água derretida se formam em uma camada de gelo no oeste da Groenlândia e drenam para o oceano por debaixo do gelo. A onda de calor que quebrou recordes de alta temperatura em cinco países europeus na semana passada está agora sobre a Groenlândia, acelerando o derretimento da camada de gelo da ilha e causando uma enorme perda de gelo no Ártico. Foto:Caspar Haarlév /Into the Ice /AP 

Em julho, 12 bilhões de toneladas de gelo da Groenlândia afundaram no mar, um nível sem precedentes. 

Trump, que em 2017 retirou os Estados Unidos do acordo climático de Paris, deve visitar Copenhague em setembro. 

Não é a primeira vez que o presidente expressa interesse por propriedades em outros países: em uma ocasião ele disse que as "fantásticas praias" da Coreia do Norte seriam o local ideal para alguns prédios de apartamentos./ AFP, W POST e Reuters

Publicidade

Uma área de risco perto da costa foi esvaziada e moradores foram levados para um local mais alto Foto: Ritzau Scanpix/Magnus Kristensen/Reuters

 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.