WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sabia da denúncia do “whistleblower” sobre os acordos com a Ucrânia quando liberou a ajuda militar ao país que havia sido congelada em setembro, de acordo com duas fontes próximas ao caso.
Advogados da Casa Branca relataram a acusação a Trump em agosto, explicando que eles estavam tentando determinar se eram legalmente obrigados a encaminhá-la ao Congresso, informaram as fontes.
A revelação pode lançar uma luz sobre duas questões críticas do processo de investigação do impeachment: a decisão de Trump em setembro de fornecer US$ 391 milhões em assistência militar à Ucrânia e o fato de que ele negou a um embaixador na mesma época que havia um “toma lá, dá cá” com Kiev.
Pressão dos dois lados
O presidente americano enfrentou pressão dos dois lados do Congresso quando liberou o auxílio. Mas o novo detalhe sobre o assunto mostra que ele também sabia, na época, que o “whistleblower” o havia acusado de irregularidades ao congelar a ajuda militar e ao ampliar a campanha para pressionar o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, a conduzir uma investigação sobre o pré-candidato democrata à presidência dos EUA Joe Biden, possível principal rival de Trump nas eleições de 2020.
A denúncia do “whistleblower” - um oficial da Agência de Inteligência Americana (CIA) que a encaminhou ao principal responsável pelo setor de inteligência em meados de agosto - colocou no centro da campanha de pressão uma ligação feita no dia 25 de julho entre os presidentes americano e ucraniano, realizada quando Trump já havia congelado a ajuda militar ao governo da Ucrânia.
Trump pediu a Zelenski que “fizesse um favor” e falou sobre a investigação que ele queria que fosse conduzida, alarmando assessores da Casa Branca, que transmitiram suas preocupações ao “whistleblower”. A Casa Branca não quis comentar o caso.
Decisão de congelar ajuda
Novos detalhes também surgiram na terça-feira sobre a decisão de congelar a ajuda militar à Ucrânia. Um funcionário do departamento de orçamento da Casa Branca, Mark Sandy, disse em um depoimento que no dia 12 de julho recebeu um e-mail do escritório do chefe de gabinete interino da Casa Branca, Mick Mulvaney, que o notificava que Trump havia ordenado a funcionários da administração o congelamento do auxílio.
Ainda não se sabe quantos detalhes os advogados forneceram a Trump com relação à denúncia do “whistleblower”. O jornal New York Times informou em setembro que os assessores da Casa Branca - John A. Eisenberg e Pat A. Cipollone - souberam sobre a acusação em agosto. Mas detalhes específicos sobre quando e como Trump soube deles ainda não foram divulgados. / NYT