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Trump se aproxima de Putin e suaviza críticas a aliados na cúpula do G-20

Presidente americano foi moderado nas interações e comentários ao lado de líderes de Japão, Alemanha e Vietnã, dias depois de criticá-los, e mostrou-se próximo do russo Vladimir Putin e do brasileiro Jair Bolsonaro em encontros à margem da cúpula

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Por Redação
Atualização:

OSAKA - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, brincou nesta sexta-feira, 28, sobre a suposta ingerência eleitoral da Rússia durante um encontro com Vladimir Putin, e suavizou suas críticas a aliados tradicionais dos americanos durante o primeiro dia da cúpula do G-20 em Osaka, no Japão.

Dias depois de atacar em entrevista Japão, Alemanha e Vietnã, Trump assumiu um tom diplomático ao se encontrar com os líderes desses países, enquanto reforçava sua cálida relação com Putin e com o presidente Jair Bolsonaro.

Donald Trump ao lado do francês Emmanuel Macron (E) e do japonês Shinzo Abe (D) na cúpula do G-20 em Osaka Foto: REUTERS/Kevin Lamarque

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"Vão sair muitas coisas muito positivas da relação com a Rússia", previu Trump no começo de sua reunião com Putin. A reunião teve um leve tom de comemoração, porque era a primeira entre ambos desde que o promotor especial que investiga nos EUA a suposta ingerência russa nas eleições de 2016, Robert Mueller, encerrou seu relatório e concluiu que não houve uma conspiração entre a campanha de Trump e Moscou.

Quando uma jornalista perguntou a Trump se ele planejava pedir a Putin que não influa no resultado das eleições de 2020, nos quais vai tentar a reeleição, Trump respondeu imediatamente: "Sim, certamente o farei".

Em seguida, se virou levemente para Putin, embora sem olhar em seus olhos, e disse com um sorriso e um gesto de ironia: "Não se meta nas eleições, presidente. Não se meta nas eleições".

Putin não respondeu à piada, mas deu um sorriso após o comentário de Trump.

O fato demonstrou mais uma vez a afinidade que Trump tem com Putin, mas não gerou o mesmo grau de polêmica que o último encontro entre ambos, há quase um ano em Helsinque, na Finlândia, quando o presidente americano pôs em dúvida as conclusões das suas próprias agências de inteligência sobre a ingerência russa.

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A química entre ambos não diminuiu, no entanto, as tensões entre seus governos a respeito de Venezuela, Irã, Síria e Ucrânia, temas que marcaram parte da sua conversa, segundo a Casa Branca.

Um mês antes de ser efetivada a saída dos EUA do acordo sobre mísseis INF com a Rússia, Trump e Putin concordaram em negociar um novo "modelo de controle de armas", e o americano insistiu que esse possível pacto "deve incluir a China".

Trump também teve uma boa conversa com Bolsonaro, a quem descreveu como "um homem muito especial" no segundo encontro entre ambos desde que o presidente brasileiro assumiu o poder em janeiro.

Cinco meses depois de reconhecer o líder opositor Juan Guaidó como presidente da Venezuela, Trump pediu paciência para derrubar Nicolás Maduro, ao afirmar que "as coisas levam tempo".

Os dois presidente avaliaram medidas para cortar "o apoio financeiro de todos os países que ajudam a Venezuela", segundo disse o porta-voz de Bolsonaro, Otávio Rego Barros.

Bem cedo, Trump tinha se reunido com o anfitrião do G-20, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, dois dias depois de criticar o tratado de defesa com o Japão.

Mas tanto Trump como Abe evitaram qualquer referência à afirmação do americano que, se os EUA fossem atacados, os japoneses não seriam obrigados a responder e veriam o ocorrido "em uma televisão Sony".

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Trump tinha denunciado, além disso, em um tuíte na quinta-feira, a "inaceitável" decisão da Índia de impor novas tarifas aos EUA, mas hoje opinou que a relação bilateral "vai continuar sendo boa" ao se reunir com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.

Sentado pouco depois junto com a chanceler alemã, Angela Merkel, o republicano a descreveu como sua "amiga" e "uma mulher fantástica" depois de ter assegurado, na sua entrevista de quarta-feira para a emissora "Fox Business", que a Alemanha era "devagar" nos seus pagamentos à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

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Merkel, por sua vez, não falou sobre seus recentes tremores em público, que levantaram dúvidas sobre seu estado de saúde.

O primeiro-ministro vietnamita, Nguyen Xuan Phuc, se aproximou de Trump durante o lanche de trabalho para falar com ele longe de qualquer microfone, possivelmente sobre a acusação do presidente americano de que o Vietnã é "o país que mais abusa" dos EUA e sua insinuação de que poderia impor-lhe tarifas.

O ministro das Relações Exteriores mexicano, Marcelo Ebrard, além disso cumprimentou Trump e tirou fotos com ele, semanas depois de os seus Governos fecharem um acordo migratório para conter a imposição de tarifas ao México.

Mas a batalha comercial que todos tinham em mente em Osaka é a que acontece desde o ano passado entre EUA e China, e Trump previu que sua reunião de sábado com o presidente da China, Xi Jinping, será "produtiva e emocionante".

Ebrahim Rahbari, analista da CitiFX, calcula 60% de probabilidades de um acordo para retomar as negociações. O Wall Street Journal informou que a China impõe como condição para sentar à mesa que o governo dos Estados Unidos retire as sanções contra a gigante tecnológica Huawei.

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O duelo entre Washington e Pequim pode ofuscar a agenda oficial do fórum, em particular a questão climática, com posições conflitantes entre os americanos, que não desejam a inclusão do tema no comunicado final, e os sócios.

Embora não tenha provocado grandes controvérsias, Trump não estava focado completamente na Cúpula do G-20, e aproveitava qualquer momento livre para acompanhar pela televisão ou pelo Twitter o segundo debate entre os pré-candidatos democratas para as eleições de 2020. / EFE e AFP

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