WASHINGTON - Em um novo round da disputa entre Donald Trump e a imprensa, o presidente dos EUA fez nesta quarta-feira, 11, uma ameaça velada ao sugerir, pela primeira vez, a suspensão das licenças de redes de TV. O ataque à mídia ocorreu após a NBC News ter divulgado reportagem dos bastidores de conversas com o secretário de Estado, Rex Tillerson, e sobre um plano de aumento do arsenal nuclear americano.
+ Donald Trump acredita ter inventado o termo ‘fake news’
Trump disse que é “nojento” que a mídia seja capaz de dizer o que quer. “A imprensa deveria falar mais honestamente”, declarou Trump, durante reunião com o premiê canadense, Justin Trudeau, no Salão Oval.
O presidente reagia à reportagem da NBC, segundo a qual ele teria dito, em reunião com assessores, em julho, que desejava aumentar o arsenal nuclear americano. Na ocasião, foi apresentado um gráfico mostrando que o estoque de armas vem diminuindo desde os anos 60.
A NBC usou como fontes três autoridades presentes ao encontro. No Twitter, Trump disse que era uma notícia falsa. “Com todas as notícias falsas da NBC News e de outras redes. Em que momento é apropriado questionar as suas licenças?”, questionou o presidente. “Eu nunca discuti o aumento. Eu quero em estado perfeito”.
Também foi a rede NBC que revelou, na semana passada, que foi após essa reunião de 20 de julho no Pentágono quando supostamente o secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, chamou Trump de "idiota".
RELEMBRE: Seis meses de Trump no poder
Um conglomerado dos principais grupos de defesa da liberdade de imprensa emitiu um comunicado. “A Primeira Emenda diz que o governo não pode censurar a mídia por ela ser crítica ao governo”, diz o texto.
Revogar licenças é um processo complexo. A Comissão Federal de Comunicações emite licenças para estações de transmissão individuais, que são renovadas de forma escalonada por períodos de oito anos. Nos anos 70, Richard Nixon discutiu o uso da renovação de licenças como forma de punir o jornal Washington Post pela cobertura do escândalo de Watergate.
Já durante a campanha eleitoral, Trump acusou os principais jornais e canais de televisão do país de mentir para tentar prejudicá-lo. As críticas continuaram desde a Casa Branca e Trump chegou a qualificar a imprensa de ser "o inimigo do povo".
A liberdade de imprensa é garantida nos Estados Unidos por conta da Primeira Emenda à Constituição, adotada em 1791. O texto também garante liberdade de expressão, o direito à escolha de qualquer religião e a liberdade de reunião de forma pacífica. / EFE, W. POST e AFP