Pressionado por acusações de assédio, Trump fala em ‘fake news’ democrata

Três das 16 mulheres que durante a campanha acusaram o presidente americano de abuso sexual no passado exigem que ele seja investigado

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Atualização:

WASHINGTON - Três das 16 mulheres que disseram durante a campanha terem sido assediadas por Donald Trump no passado voltaram a acusar o presidente, que reagiu nesta terça-feira de maneira furiosa e acusou os democratas de inventarem notícias falsas contra ele. Trump aproveitou para criticar a senadora democrata Kirsten Gillibrand, de Nova York, que defendeu a “renúncia imediata” do presidente diante das denúncias. 

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A senadora peso-pena Kirsten Gilibrand, que já veio ao meu escritório ‘implorar’ por contribuições de campanha (e faria qualquer coisa por elas) agora está atacando Trump”, escreveu o presidente americano. “Muito desleal!”

Em outro tuíte, Trump atacou os democratas e a mídia. “Apesar das milhares de horas desperdiçadas e dos milhões de dólares gastos, os democratas não conseguiram mostrar nenhum conluio com a Rússia e agora passaram a fazer acusações falsas e espalhar histórias inventadas de mulheres que não sei quem são e nunca conheci. Notícias falsas!”, escreveu no Twitter.

Donald Trump Foto: Evan Vucci / AP

Provas

Em entrevista concedida à CNN, Gillibrand disse que “estas mulheres têm acusações e provas muito convincentes de que Trump as atacou sexualmente. São alegações de mau comportamento e de atividade criminosa”. “Trump deveria renunciar diante destas denúncias, mas duvido que o faça. Então, só cabe ao Congresso investigar essas acusações”, completou Gillibrand.

A senadora de Nova York foi a primeira a pedir a renúncia de seu colega democrata Al Franken, denunciado por várias mulheres por assédio sexual. Além de Franken, outros dois congressistas americanos renunciaram na semana passada após acusações de assédio. “Você não pode me silenciar. Nem a mim, nem as milhões de mulheres que saíram para falar claramente sobre a incapacidade e a vergonha que você trouxe ao Salão Oval”, respondeu Gillibrand também pelo Twitter. 

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Renúncias

O movimento contra o assédio sexual que vem se espalhando pelos Estados Unidos neste ano e levou à renúncia de congressistas republicanos e democratas e ao afastamento de jornalistas, atores e executivos de Hollywood, parece ter chegado às portas da Casa Branca.

Na segunda-feira, Samantha Holvey, Jessica Leeds e Rachel Crooks, que já haviam denunciado Trump por assédio sexual durante as eleições do ano passado, voltaram a acusá-lo em um programa de TV. 

Em entrevista coletiva, logo depois, falando em nome das 16 mulheres que também acusam Trump, elas pediram ações do Congresso contra o que chamam de “perversão e má conduta em série” de Trump. “O Congresso precisa deixar de lado filiações partidárias e investigar o histórico de má conduta sexual de Trump”, disse Crook.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Não é a primeira vez que Trump é acusado de assédio. Durante a campanha eleitoral, 15 mulheres declararam ter sido alvo de agressões sexuais do então candidato republicano à Casa Branca em anos anteriores. As denúncias vieram à tona depois da divulgação de um vídeo de 2005, no qual Trump disse que podia fazer qualquer coisa com as mulheres pelo fato de ser famoso, incluindo beijá-las e “agarrá-las” pela genitália sem consentimento. O escândalo quase lhe custou a eleição, mas ele disse que se tratava de uma “conversa masculina de vestiário” e o caso acabou esquecido.

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O caso voltou à tona em um dia importante para os republicanos, que tentam eleger um senador para a vaga de Jeff Sessions, designado secretário de Justiça no início do ano. A última vez que um democrata ganhou no Alabama foi em 1992, mas o Partido Republicano corre o risco de perder a cadeira.

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O candidato do partido, Roy Moore, um ex-juiz ultraconservador, é acusado de delitos sexuais nos anos 70, incluindo sexo com menores de idade. Trump deu apoio incondicional a Moore nos últimos meses. Ainda assim, várias pesquisas indicam uma disputa apertada contra o candidato democrata Doug Jones./ WASHINGTON POST, com Cláudia Trevisan, correspondente em Washington

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