PUBLICIDADE

Trump visita a Flórida em meio a surto de covid-19 e com Venezuela na agenda

Estado, que bateu recordes de novas infecções e mortes na quinta-feira, 9, é fundamental para vencer as eleições presidenciais

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, visita a Flórida nesta sexta-feira, 10, um estado atingido pelo coronavírus, com Venezuela, tráfico de drogas e arrecadação de fundos em sua agenda, ignorando os riscos de contágio ao aumentar suas aparições públicas antes das eleições. 

O presidente republicano, que busca renovar seu mandato em novembro e conta com a conquista da Flórida, chega ao estado em um momento em que o vírus já matou ali mais de 4 mil pessoas e nos últimos dias viu uma avalanche de casos positivos e hospitalizações. 

O presidente Donald Trump chega ao aeroporto internacional de Miami, na Flórida Foto: Samuel Corum/NYT

PUBLICIDADE

A Flórida bateu recordes na quinta-feira de novas infecções em um único dia (8.935) e de mortes (120).

"Certamente, acho que a Flórida ficou um pouco fora de controle", disse Anthony Fauci, principal autoridade em doenças infecciosas do país, ao site de análise política FiveThirtyEight na quinta-feira. 

O problema vai além da Flórida, cujo governador republicano Ron DeSantis subestimou o surto a princípio, apesar de ter se visto obrigado a interromper a reabertura econômica. 

Os Estados Unidos são o país mais afetado no mundo pela pandemia de covid-19, com mais de 3,1 milhões de infecções confirmadas e 133 mil mortes. 

Na avaliação de Fauci, comparado a outros países, os EUA não estão indo bem no combate ao vírus, um problema que ele atribuiu em parte à polarização política que impede "uma abordagem mais coordenada". 

Publicidade

Trump, que tem rejeitado a gravidade da pandemia desde o início, respondeu na Fox News na mesma quinta-feira, dizendo que Fauci "é um homem bom, mas cometeu muitos erros". 

"Muitos disseram: 'Não use máscara, não use máscara', agora eles dizem 'use máscaras'. Muitos erros foram cometidos, muitos erros", afirmou o presidente, que nunca foi visto em público usando uma máscara.

De acordo com uma pesquisa da ABC News e Ipsos divulgada quinta-feira, 67% dos americanos desaprovam a resposta de Trump ao coronavírus. 

O presidente, no entanto, mantém sua estratégia de intensificar eventos públicos para agradar sua base e garantir votos. 

A Flórida, um estado pendular, é fundamental para vencer as eleições presidenciais: ali, ele espera obter votos não apenas dos exilados cubanos como também da diáspora venezuelana de Miami, que busca cada vez mais a saída do poder de Nicolás Maduro.

Críticas de Biden

O candidato presidencial democrata Joe Biden, que está 5 pontos à frente de Trump na Flórida, criticou a viagem do presidente, não apenas por sua gestão da pandemia, mas por sua resposta à crise na Venezuela, também intimamente ligada à situação em Cuba, aliada de Caracas. 

Publicidade

"Com mais de 232 mil casos e mais de 4 mil mortes na Flórida, é claro que a resposta de Trump - ignorar, culpar terceiros e distrair - foi às custas das famílias da Flórida", escreveu o ex-vice-presidente de Barack Obama, que destacou os problemas de acesso aos cuidados médicos e os altos índices de desemprego no estado.

Biden, 8,8 pontos acima de Trump, de acordo com a média da pesquisa RealClearPolitics, também lembrou as declarações do presidente há três semanas ao site Axios, dizendo estar aberto a um encontro com Maduro, que ele chama de "ditador". 

"Mas quando o presidente Trump chegar hoje a Doral...ele certamente não mencionará sua vontade declarada de encontrar Nicolás Maduro", disse Biden. 

Trump planeja se reunir com líderes da oposição venezuelana nesta tarde em Doral, uma cidade perto de Miami, onde reside a maior população de origem venezuelana do país. 

Trump comunicou mais tarde pelo Twitter e pela Casa Branca que eventualmente poderá se encontrar com Maduro, mas apenas para discutir "sua saída pacífica do poder". O simples fato de ele avaliar essa possibilidade acirrou os ânimos na Flórida. 

José Antonio Colina, presidente do grupo de políticos perseguidos venezuelanos exilados em Miami, disse que se Trump algum dia encontrar Maduro, "ele vai perder a Flórida". /AFP