Tudo pronto para transferência de poder no Afeganistão

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Por Agencia Estado
Atualização:

O enviado especial da Organização das Nações Unidas (ONU) ao Afeganistão, Lakhdar Brahimi, disse, nesta terça-feira, que está tudo certo para a transferência de poder para uma administração interina e a chegada de uma força de paz internacional, caso ela seja aprovada pelas Nações Unidas. Brahimi fez as declarações após reunir-se com líderes como o presidente de fato Burhanuddin Rabbani, o general da Aliança do Norte Mohammad Fahim e o ministro do Exterior em exercício Abdullah Abdullah -, mas não com o novo primeiro-ministro interino, Hamid Karzai. Nas conversações, as partes confirmaram que a entrega do poder ocorrerá em 22 de dezembro, como previsto no acordo mediado pela ONU em reunião das facções afegãs na Alemanha, disse o enviado a repórteres. Ele também afirmou que "essas autoridades não têm objeções à chegada de uma força da ONU" para reforçar a segurança. Brahimi, que pretende partir de Cabul nesta quarta pela manhã, disse que ainda poderia encontrar-se com Karzai, que está na cidade sulista de Kandahar, acompanhando a implementação de um acordo de repartição do poder no local. O Taleban abandonou a cidade na sexta-feira. Karzai "tem estado bastante ocupado em Kandahar", afirmou Brahimi, acrescentando que os dois têm mantido contato. Já houve reclamações por parte de grupos que participam do novo governo e de facções que ficaram de fora. Brahimi disse que é possível haver mudanças na composição do gabinete de 29 membros, mas só depois que o novo governo assumir o poder. Uma das principais fontes de divergências é a destinação de três ministérios-chave - Defesa, Exterior e Interior. Todos os três foram para o Jamiat-i-Islami, o partido de Rabbani. Em troca, Rabbani concordou em entregar o poder a Karzai, que irá liderar o regime de transição nos próximos cruciais seis meses. Brahimi não sabia se Rabbani terá alguma função em um futuro governo, mas disse que ele havia prometido cooperar com a nova administração. Muitos afegãos apóiam a presença de uma força de paz internacional, por temer que, caso contrário, possam explodir sangrentas lutas internas entre facções. Mas alguns líderes de grupos, entre eles Abdur Rassool Sayyaf, que é agora vice-premier, mas que foi amplamente marginalizado na nova administração interina, se opõe fortemente à presença de qualquer força de paz. O envio da força necessita da aprovação das Nações Unidas. Brahimi comentou que, pelo fato de ainda não ter ocorrido a aprovação, ele e líderes afegãos não discutiram sobre o número de soldados de paz nem outras questões operacionais. Fahim disse, nesta terça, a repórteres, que a força não poderia ter mais de mil homens. "Essa força, quando vier, virá como um amigo, não como um inimigo", afirmou Brahimi. "A força não virá para lutar contra ninguém..., mas para ajudar a aumentar a segurança do povo do Afeganistão." Ele indicou não esperar que a força estrangeira permaneça por muito tempo. As nações que participarão provavelmente "gostariam de partir mais cedo do que mais tarde", talvez em três ou seis meses, acrescentou. Brahimi também disse que recebeu uma carta do senhor da guerra Rashid Dostum, que controla a principal cidade do norte do Afeganistão, Mazar-i-Sharif, na qual ele promete cooperar com o novo governo, apesar de querer mais negociações sobre a divisão do poder. Brahimi deve encontrar-se nesta quarta-feira no Paquistão com o presidente general Pervez Musharraf antes de retornar a Nova York. Leia o especial

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