TÚNIS - O primeiro-ministro da Tunísia, Habib Essid, ordenou no domingo a demissão do diretor da rede de televisão estatal, Mustafa ben Letaief, aparentemente em razão da emissora ter exibido a imagem da cabeça cortada de um adolescente supostamente decapitado por um grupo jihadista.
Em comunicado, o escritório do chefe do governo anunciou que o jornalista Rached Younes assumirá de forma interina a direção do canal nacional Al Wataniya 1.
Embora o comunicado não especifique as razões da demissão, ele foi divulgado poucas horas após a Associação Nacional de Jornalistas tunisianos ter criticado a exibição em um jornal de uma notícia na qual se via a cabeça cortada de um jovem pastor de 16 anos.
O adolescente havia sido capturado na sexta-feira por uma célula do grupo jihadista local Okba bin Nefa nas montanhas próximas à fronteira com a Argélia junto com outro pastor, de 14 anos, a quem obrigaram a levar a cabeça do rapaz a sua família na cidade de Sidi Bouzid como aviso para que não colaborassem mais com a polícia.
A família então teria guardado a cabeça na geladeira até entregá-la às forças de segurança, imagem que foi mostrada em um jornal que foi ao ar ao meio-dia.
Para a associação de jornalistas tunisianos, divulgar a imagem foi "um grave erro" que viola as normas da cobertura de notícias sobre terrorismo.
Esta é a segunda vez em menos de um mês que uma célula do Okba bin Nefa, ligado à organização terrorista Estado Islâmico, captura um pastor em região montanhosa na fronteira com a Argélia e o decapita após acusá-lo de colaborar com as forças de segurança.
O governo tunisiano responsabiliza o Okba bin Nefa por dois atentados que em março e junho mataram 60 turistas estrangeiros no museu do Bardo, na capital Túnis, e em um hotel da cidade litorânea de Sousse. /EFE