
26 de março de 2012 | 15h15
A decisão marca uma ruptura entre o Ennahda, considerado moderado, e a minoria de muçulmanos ultraconservadores que passaram a ter voz e cadeiras no Parlamento da Tunísia após as eleições do ano passado. Doulatli disse que a decisão foi tomada "para fortalecer o consenso nacional e ajudar a transição democrática a ter sucesso, ao unir uma vasta maioria das forças que confrontarão os desafios da sociedade".
"A experiência da Tunísia pode servir de modelo a outros países que buscam transformações semelhantes", disse Doulatli. No Egito, como em vários outros países de maioria muçulmana, a Sharia é mencionada na Constituição como fonte de toda a legislação. Sob mais de 50 anos de ditadura secular, desde que obteve a independência da França em 1956, a Tunísia está na frente do mundo árabe por suas leis progressistas, especialmente em relação aos direitos das mulheres. Muitos parlamentares de esquerda e liberais temiam que houvesse retrocesso após o Ennahda ter ficado em primeiro lugar nas eleições.
A decisão deverá provocar uma ruptura política com os salafistas - dos quais 10 mil fizeram uma manifestação no domingo em Túnis, pedindo pela lei islâmica. Apesar do grupo minoritário ser barulhento e militante, não está claro qual é a dimensão de apoio que os salafistas possuem no conjunto da sociedade tunisina. A decisão do Ennahda parece indicar que o apoio a eles não é amplo.
As informações são da Associated Press.
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