Com novas regras anunciadas por Obama, mais cidadãos americanos passam a poder visitar ilha
Por HAVANA
Atualização:
Viajar a Cuba parecia algo inconcebível e distante para a americana Rebeca Surmont antes de novembro, quando ela e o marido decidiram se integrar a um grupo de 28 pessoas que planejava conhecer o país. Ontem, ambos estavam nas ruas de Havana, encantados com a possibilidade de conhecer a ilha que durante mais de cinco décadas esteve do lado oposto ao dos EUA na Guerra Fria. “Eu vim para dissipar mitos”, disse Rebeca à reportagem.
Como todos os integrantes da “expedição”, o casal está hospedado em casas de famílias cubanas convertidas em pousadas, uma das atividades privadas que se expandem mais rapidamente no país. O turismo em Cuba continua proibido para cidadãos dos EUA, mas as visitas se tornaram mais fáceis esta semana, após a Casa Branca autorizar viagens individuais para o que é conhecido como intercâmbio “pessoa a pessoa”. A exigência é que os visitantes interajam com cubanos.
Havana Club quer ser principal produto cubano vendido nos EUA após queda do embargo
1 / 8Havana Club quer ser principal produto cubano vendido nos EUA após queda do embargo
Havana Club
Empresa que fabrica rum cubano quer entrar no mercado americano se o embargo econômico for levantado Foto: EFE/Ernesto Mastrascusa
Havana Club
Empresa cubana já ganhou a batalha judicial para ter a marca registrada em solo americano Foto: EFE/Ernesto Mastrascusa
Havana Club
Segundo diretor de desenvolvimento de mercado da empresa, o Havana Club é o terceiro rum mais vendido no mundo Foto: EFE/Ernesto Mastrascusa
Havana Club
O embargo a Cuba dura mais de 50 anos e tem sido criticado pelo presidente Barack Obama Foto: EFE/Ernesto Mastrascusa
Havana Club
Famosa bebida cubana, o mojito ganha destaque no Museu do Rum em Havana Foto: EFE/Ernesto Mastrascusa
Havana Club
A empresa Havana Club quer que seu rum seja o principal produto cubano a ser vendido nos EUA após o fim do embargo Foto: EFE/Ernesto Mastrascusa
Havana Club
Museu do Rum em Havana atrai centenas de turistas interessados em saber como a bebida é produzida Foto: EFE/Ernesto Mastrascusa
Havana Club
Runs produzidos pela empresa variam de acordo com o tempo de preparação Foto: EFE/Ernesto Mastrascusa
PUBLICIDADE
Quando Rebeca e seu marido, Steve Jewell, decidiram conhecer a ilha, ainda era necessário integrar um grupo ligado a alguma organização social, cultural ou educacional. Em seu caso, a visita foi coordenada pela Ubelong, um entidade com sede em Nova York, que se dedica a facilitar viagens de pessoas que queiram fazer trabalhos voluntários em outros países.
“Estamos aqui há uma semana e as pessoas estão vendo que Cuba não se resume a carros antigos, charutos e Che Guevara”, observou o fundador da Ubelong, Cedric Hodgeman. A entidade organiza viagens desde 2009 e essa é a primeira que tem Cuba como destino.
Hodgeman já esteve em vários países em desenvolvimento e disse que a ilha é de longe o mais desafiador em termos logísticos. “Fazer reservas, garantir um ônibus, cumprir horários, tudo é muito fluido aqui.”
A ideia original da viagem partiu do casal Peter e Tania Bailey, que vive em Minneapolis. Por que Cuba? “Porque agora podemos”, respondeu Tania. Bailey é presidente da empresa Prouty Project, que todos os anos planeja viagens que “tirem os seus participantes de suas zonas de conforto”. “Elas têm de ter um significado e um propósito”, ressaltou Tania.
Nos últimos três dias, ambos se dedicaram a pintar murais em uma zona residencial de Havana, sob o comando de um artista cubano. Seu objetivo é voltar aos EUA e relatar o que viram aos conhecidos, na esperança de elevar a pressão pelo fim do embargo econômico.
Publicidade
Novos tempos em Cuba
1 / 21Novos tempos em Cuba
Cubanos acessam sinal de internet em um dos 35 pontos de Havana que têm Wi-Fi; apesar de ter sido reduzido, preço é muito alto
Cubanos acessam sinal de internet em um dos 35 pontos de Havana que têm Wi-Fi; apesar de ter sido reduzido, preço é muito alto Foto: REUTERS/Enrique de la Osa
Cuba
Carros dos anos 50 que funcionam como táxis em Havana - As imagens de Havana foram feitas pela correspondente do Estadão Cláudia Trevisan e por agênci... Foto: Cláudia Trevisan/ESTADÃOMais
Cuba
Juan, de costas, e vizinhos do bairro Romerillo; todos dizem que os salários que recebem são insuficientes para viver e esperam mudanças com a retomad... Foto: Cláudia Trevisan/ESTADÃOMais
Cuba
Muro com slogans em frente à Embaixada dos EUA, na Tribuna Anti-Imperialista Foto: Cláudia Trevisan/ESTADÃO
Cuba
Félix Bueno, 64, em sua casa no bairro Romerillo; Na parede, uma imagem modificada de Che Guevara, feita por um artista mexicano. Nas mãos, a foto de ... Foto: Cláudia Trevisan/ESTADÃOMais
Cuba
José Luís, motorista da reportagem do Estado, com seu Moscovich 1980, que herdou do pai, e o gancho improvisado que usa para manter o vidro fechado Foto: Cláudia Trevisan/ESTADÃO
Cuba
Juan em sua casa em Romerillo com uma manga que custa 5 pesos (0,25 dólares); com aposentadoria e trabalho de vigia, ele ganha 360 pesos por mês Foto: Cláudia Trevisan/ESTADÃO
Cuba
Prédio da Embaixada dos EUA em Havana Foto: Cláudia Trevisan/ESTADÃO
Cuba
Cubanos consertam carro americano dos anos 50 no bairro Romerillo, em Havana Foto: Cláudia Trevisan/ESTADÃO
Cuba
Jornal que está no Museu da Revolução; com data de 4 de janeiro de 1961, anuncia a decisão dos EUA de romper relações com Cuba Foto: Cláudia Trevisan/ESTADÃO
Cuba
Carros dos anos 50 que funciona como táxi em Havana; várias pessoas tomam o mesmo veículo, que faz um trajeto definido ao custo de US$ 0,40 Foto: Cláudia Trevisan/ESTADÃO
'Nova Cuba'
Grupo de turistas passeia em antigo carro conversível em Havana. Para americanos, visitar Cuba é uma verdadeira "viagem no tempo" Foto: Alejandro Ernesto_EFE
'Nova Cuba'
É cada vez mais comum a presença de turistas americanos em Havana, atraídos por construções antigas e carros clássicos que ainda circulam pelas ruas Foto: Alejandro Ernesto / EFE
'Nova Cuba'
Altar onde Papa Francisco rezará a primeira missa em território cubano Foto: Alejandro Ernesto / EFE
'Nova Cuba'
A retomada das relações entre EUA e Cuba está permitindo a entrada de navios de cruzeiros e elegantes iates de luxo no território cubano Foto: Desmond Boylan / AP
'Nova Cuba'
Preparativos para receber o Papa em Havana começam a mudar a fachada da capital. Pontífice chega à cidade no dia 19 de setembro Foto: Alejandro Ernesto / EFE
'Nova Cuba'
Turistas caminham em Havana e desfrutam de uma autêntica "viagem no tempo" Foto: Alejandro Ernesto / AP
'Nova Cuba'
Segurança caminha ao lado do iate americano Still Waters, atracado na marina Hemingway, em Havana Foto: Desmond Boylan / AP
'Nova Cuba'
Grupo de turistas visita uma feira de livros em Havana. Muitos americanos querem visitar a ilha para saber o que mudou em 50 anos Foto: Alejandro Ernesto / AP
'Nova Cuba'
Trabalhadores cubanos constroem altar para a visita do Papa Francisco Foto: Alejandro Ernesto / EFE
'Nova Cuba'
Cachorro com fantasia em desfile de Carnaval em Santiago. Festividade deve atrair mais turistas a cada anoapós a retomada das relações com os EUA Foto: Alejandro Ernesto / EFE
“Chorei várias vezes ao ver um país que realmente quer ser parte do mundo, que tem sido parte do mundo, mas não do nosso mundo”, disse ela. “Não queremos ser turistas. Queremos fazer uma diferença”, observou Bailey.
O número de americanos que visitaram Cuba aumentou em 50% no ano passado, para quase 160 mil. A expectativa é de que haja um novo aumento, de pelo menos 40%, em 2016. Cuba recebe a cada ano 3,5 milhões de turistas, dos quais 1,3 milhão são canadenses.