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Turistas dos EUA realizam 'sonho inviável'

Com novas regras anunciadas por Obama, mais cidadãos americanos passam a poder visitar ilha

Por HAVANA
Atualização:

Viajar a Cuba parecia algo inconcebível e distante para a americana Rebeca Surmont antes de novembro, quando ela e o marido decidiram se integrar a um grupo de 28 pessoas que planejava conhecer o país. Ontem, ambos estavam nas ruas de Havana, encantados com a possibilidade de conhecer a ilha que durante mais de cinco décadas esteve do lado oposto ao dos EUA na Guerra Fria. “Eu vim para dissipar mitos”, disse Rebeca à reportagem.

Como todos os integrantes da “expedição”, o casal está hospedado em casas de famílias cubanas convertidas em pousadas, uma das atividades privadas que se expandem mais rapidamente no país. O turismo em Cuba continua proibido para cidadãos dos EUA, mas as visitas se tornaram mais fáceis esta semana, após a Casa Branca autorizar viagens individuais para o que é conhecido como intercâmbio “pessoa a pessoa”. A exigência é que os visitantes interajam com cubanos. 

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Quando Rebeca e seu marido, Steve Jewell, decidiram conhecer a ilha, ainda era necessário integrar um grupo ligado a alguma organização social, cultural ou educacional. Em seu caso, a visita foi coordenada pela Ubelong, um entidade com sede em Nova York, que se dedica a facilitar viagens de pessoas que queiram fazer trabalhos voluntários em outros países.

“Estamos aqui há uma semana e as pessoas estão vendo que Cuba não se resume a carros antigos, charutos e Che Guevara”, observou o fundador da Ubelong, Cedric Hodgeman. A entidade organiza viagens desde 2009 e essa é a primeira que tem Cuba como destino. 

Hodgeman já esteve em vários países em desenvolvimento e disse que a ilha é de longe o mais desafiador em termos logísticos. “Fazer reservas, garantir um ônibus, cumprir horários, tudo é muito fluido aqui.”

A ideia original da viagem partiu do casal Peter e Tania Bailey, que vive em Minneapolis. Por que Cuba? “Porque agora podemos”, respondeu Tania. Bailey é presidente da empresa Prouty Project, que todos os anos planeja viagens que “tirem os seus participantes de suas zonas de conforto”. “Elas têm de ter um significado e um propósito”, ressaltou Tania. 

Nos últimos três dias, ambos se dedicaram a pintar murais em uma zona residencial de Havana, sob o comando de um artista cubano. Seu objetivo é voltar aos EUA e relatar o que viram aos conhecidos, na esperança de elevar a pressão pelo fim do embargo econômico. 

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“Chorei várias vezes ao ver um país que realmente quer ser parte do mundo, que tem sido parte do mundo, mas não do nosso mundo”, disse ela. “Não queremos ser turistas. Queremos fazer uma diferença”, observou Bailey.

O número de americanos que visitaram Cuba aumentou em 50% no ano passado, para quase 160 mil. A expectativa é de que haja um novo aumento, de pelo menos 40%, em 2016. Cuba recebe a cada ano 3,5 milhões de turistas, dos quais 1,3 milhão são canadenses. 

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