25 de junho de 2012 | 16h51
ANCARA - O governo da Turquia afirmou, nesta segunda-feira, 25, que vai pressionar a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) a considerar o ataque da Síria contra seu caça como um ataque contra toda a aliança militar. O anúncio foi feito após uma reunião para discutir o incidente.
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Apesar da frustração de vários países da Otan com o conflito na Síria, onde os opositores dizem que as forças aliadas do presidente Bashar Al-Assad já mataram 14 mil pessoas, é improvável que a aliança militar realizr alguma ação armada contra a Síria.
Em entrevista coletiva transmitida por redes de televisão locais, o porta-voz do Executivo de Ancara e vice-primeiro-ministro, Bulent Arinc, explicou que, após o caça F4 sumir dos radares, a Turquia enviou vários aviões, helicópteros e navios militares à região do incidente para buscar os destroços da aeronave derrubada e seus tripulantes.
As forças sírias abriram então fogo contra um avião bimotor turbohélice, mas interromperam o ataque "imediatamente após o exército turco as ter contactado", disse o vice-primeiro-ministro após participar de uma reunião do gabinete de Recep Tayyip Erdogan.
O tema principal do Conselho de Ministros, que durou sete horas, foi a eventual resposta à derrubada de seu avião militar, apesar da prioridade de Ancara continuar sendo a busca e resgate dos dois pilotos da aeronave, ainda desaparecidos.
Arinc ressaltou que a Turquia não quer a guerra, mas não descartou uma represália. "Não temos intenção de declarar a guerra a ninguém, mas faremos tudo o que for necessário", disse.
O porta-voz insistiu hoje na versão de Ancara expressada ontem pelo chanceler turco, Ahmet Davutoglu, de que o primeiro caça foi abatido sem nenhuma advertência quando estava em espaço aéreo internacional. "A Turquia se reserva os direitos derivados da lei internacional, incluindo o direito à represália. A Turquia não hesitará em dar os passos necessários como resposta", ressaltou Arinc.
Segundo a imprensa turca, Erdogan informou aos líderes políticos da oposição sobre a descoberta de quatro botas militares que, acredita-se, pertenciam aos dois tripulantes, e teme que ambos tenham se afogado ao afundarem junto com o avião abatido.
Os turcos estão à espera de que Erdogan fale sobre as possíveis retaliações durante um discurso, amanhã, ao grupo parlamentar de seu partido. A imprensa local especula que Ancara não vai decretar uma guerra contra o país vizinho, mas tentará fazer com que Damasco "pague" por seu ataque.
Com Efe e AP
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