
25 de janeiro de 2012 | 03h03
O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, exortou ontem o presidente da França, Nicolas Sarkozy, a não sancionar a lei que transforma em crime a negação de genocídios, já aprovada pelo Parlamento francês. A legislação tem como alvo direto a Turquia, que nega ter submetido armênios a crimes contra a humanidade na Primeira Guerra. Segundo Erdogan, se nada for feito, o impasse diplomático vai obrigar a Turquia a adotar sanções econômicas contra Paris.
Na segunda-feira, o Senado da França aprovou a lei que impõe pena de um ano de prisão e €45 mil em multas à negação do genocídio armênio, seguindo o exemplo da Assembleia Nacional, que havia aprovado o texto em dezembro. Há uma década a França reconhece o genocídio de 1,5 milhão de armênios entre 1915 e 1916, na época da dominação do país pelo Império Otomano. Mas o assunto voltou com força há dois meses, provocando uma crise diplomática entre os dois governos.
Ontem, falando ao Parlamento, Erdogan classificou a lei adotada pela França como "racista e discriminatória" e acusou Sarkozy de estimulá-la para fins eleitorais - em abril ocorre o primeiro turno da eleição ao Palácio do Eliseu. O primeiro-ministro disse ainda que Sarkozy deve "corrigir esse erro" vetando o texto da lei, que depende de sua assinatura para entrar em vigor - o que deve ocorrer dentro de duas semanas. No início do mês, Paris enviou uma carta a Ancara na qual o presidente afirmava que a legislação "não se refere a nenhum povo ou Estado em particular".
"Não toleraremos que quem quer que seja tente marcar pontos no jogo de xadrez político às custas da Turquia", afirmou Erdogan. Sobre a adoção de sanções, garantiu que as medidas virão caso não se vete a lei. "Aplicaremos nossas medidas etapa por etapa. No momento, estamos mostrando nossa paciência."
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