Turquia detém nacionalistas suspeitos de planejar golpe

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Por Reuters e Ancara
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As autoridades turcas detiveram ontem pelo menos 21 ultranacionalistas, entre eles 2 generais da reserva, como parte de uma ampla investigação sobre um suposto complô golpista contra o governo. As prisões ocorreram pouco antes de a Corte Constitucional iniciar as audiências de um processo no qual o Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP), do governo, é acusado de tentar estabelecer um Estado islâmico. A proscrição do partido poderia levar à antecipação das eleições parlamentares. O promotor-chefe quer proibir 71 políticos do AKP - incluindo o premiê Recep Tayyip Erdogan - de integrar qualquer partido por cinco anos. A Bolsa de Valores da Turquia caiu 6% e a moeda local, a lira, teve desvalorização de 2% por causa do temor de uma prolongada incerteza política que, segundo analistas, pode prejudicar os esforços de Ancara para entrar na União Européia. O primeiro-ministro turco disse que as detenções estão relacionadas a uma investigação sobre o Ergenekon, um grupo secularista e ultranacionalista suspeito de planejar atentados a bomba e assassinatos para provocar um golpe militar. Segundo a agência estatal Anatolia, entre os detidos estão os generais da reserva Sener Eruygur (ex-chefe da polícia e líder da poderosa associação secularista) e Hursit Tolon. A Turquia é um país de maioria islâmica com uma Constituição secularista e o Exército se considera guardião da república, fundada por Mustafa Kemal Ataturk. O Exército mantém uma disputa com o AKP - de raízes islâmicas - sobre o papel da religião na vida pública, uma questão que há décadas dividide a Turquia. Houve quatro golpes militares no país nos últimos 50 anos. Analistas políticos dizem que o Ergenekon faz parte do "Estado profundo", que reúne os nacionalistas radicais das forças de segurança. O Exército, que reiteradamente tem criticado o governo, desmentiu ter qualquer ligação com o grupo.

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