Turquia diz que oficiais desertaram da Síria

Agência de notícias estatal informa que 73 militares do regime cruzaram a fronteira em busca de refúgio, incluindo 7 generais e 20 coronéis

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Por ANCARA
Atualização:

A Anatólia, agência de notícias estatal turca, informou ontem que 73 militares sírios - incluindo 7 generais e 20 coronéis - desertaram com suas famílias em busca de refúgio na Turquia. Segundo a agência, o grupo de 202 pessoas chegou à cidade fronteiriça de Reyhanli e foi levado para um campo de refugiados que abriga militares que abandonaram o Exército sírio. A agência, no entanto, não informou quando eles cruzaram a fronteira. A chancelaria turca e autoridades locais não comentaram o caso. As deserções foram divulgadas após a decisão do presidente dos EUA, Barack Obama, de enviar armas letais aos rebeldes sírios após obterem - segundo Washington - provas conclusivas de que Damasco usou armas químicas contra dissidentes.O regime sírio acusou ontem os EUA de adotarem "métodos banais" para justificar a decisão de armar os rebeldes. Uma nota da chancelaria da Síria, divulgada pela agência oficial Sana, afirmou que as declarações da Casa Branca estão "cheias de mentiras e têm como base informações falsas".A nota da chancelaria síria acusou Obama de exercer dois pesos e duas medidas em seu tratamento ao terrorismo, ao incluir os extremistas da Frente al-Nusra na lista de organizações terroristas, mas apoiar o grupo com armas e dinheiro.Reação. Ontem, a Coalizão Nacional Síria (CNS) recebeu com "satisfação" a decisão dos EUA de armar os rebeldes. Em comunicado, a principal aliança da oposição síria afirmou que a medida "deveria ser estratégica e decisiva para dar fim à violência e alcançar uma solução política que contemple as aspirações dos sírios". "Foi um passo importante", disse a CNS, em nota.No entanto, nem todos aprovaram o envio de armas dos EUA à Síria. A Rússia disse que as alegações americanas sobre o uso de armas químicas na guerra "não são convincentes". Yuri Ushakov, assessor do presidente Vladimir Putin, afirmou que a decisão de Obama prejudica os esforços para organizar uma conferência de paz. Ainda assim, ele garantiu que a medida não acelerará o envio de mísseis antiaéreos S-300 à Síria. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também criticou a decisão de Obama. Segundo ele, armar qualquer uma das partes envolvidas no conflito sírio "não beneficia ninguém"."A via militar leva diretamente a uma desintegração maior do país, à desestabilização da região e ao aumento das tensões religiosas e comunitárias", disse Ban. "É claro que entregar armas a qualquer uma das partes não resolverá a situação atual. Não existe uma solução militar."A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, defendeu ontem uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU para adotar uma posição conjunta do órgão após a decisão americana de armar os rebeldes e diante das evidências de que o regime de Bashar Assad usou armas químicas.No Líbano, país diretamente afetado pela guerra civil na Síria, Hassan Nasrallah, chefe do Hezbollah, movimento xiita que participa nos combates em apoio a Assad, afirmou que o grupo continuará envolvido mesmo após a ajuda americana. / REUTERS e AP

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