Turquia e EUA acertam plano para criar área livre de jihadistas na Síria

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Por BAGDÁ
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A Turquia e os EUA concordaram com os termos gerais de um plano que envolve aviões de guerra americanos, insurgentes sírios e forças turcas trabalhando juntos para expulsar o Estado Islâmico (EI) de uma faixa de terra ao longo da fronteira síria-turca, afirmaram fontes de Washington e de Ancara ao jornal The New York Times.O plano criaria uma espécie de "zona de segurança" livre de jihadistas de cerca de 90 km que seria controlada por milícias rebeldes como um corredor seguro para refugiados sírios. A Turquia tem, atualmente, cerca de 1,8 milhão de refugiados sírios em seu território.Enquanto muitos detalhes ainda precisavam ser determinados, incluindo o tamanho exato dessa faixa de terra, o plano já era considerado uma intensificação significativa da ação militar americana e turca contra o EI no país, assim como a coordenação de forças americanas com os insurgentes sírios em terra.O Times disse ter ouvido quatro funcionários do governo americano nos últimos dias sobre o plano, todos falaram sob condição de anonimato. "Estamos falando com a Turquia sobre cooperação para apoiar parceiros em terra no norte da Síria que estão combatendo o EI", afirmou uma dessas fontes.Membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a Turquia integra a coalizão liderada pelos EUA contra o Estado Islâmico, mas vinha demonstrando relutância contra o movimento. No entanto, o país deu uma guinada na semana passada ao permitir que os americanos e outros aliados usassem suas bases aéreas para bombardear alvos na Síria ligados aos radicais sunitas.Desafios. O novo plano, no entanto, enfrenta velhos desafios que Washington tem confrontado com sua política americana relacionada à Síria. Enquanto os EUA estão focados no combate ao EI, os insurgentes sírios e turcos veem a derrubada do presidente sírio, Bashar Assad, como seu primeiro objetivo.Independentemente de seu objetivo, o plano colocará americanos e aliados da coalizão internacional mais próximos de áreas onde forças sírias regularmente promovem bombardeios. De acordo com o jornal, não está claro como os americanos reagirão se aviões sírios atacarem seus parceiros em solo.O jornal lembrou ainda que 60 insurgentes sírios têm sido formalmente treinados pelos EUA em um programa do Pentágono, mas Washington não deixou claro quantos e quais insurgentes sírios serão envolvidos na nova operação.Funcionários do governo turco e líderes da oposição síria citados pelo jornal têm descrito o acordo como algo muito próximo que eles têm procurado na luta contra o governo Assad: uma "área de exclusão aérea" na Síria perto da fronteira turca. O objetivo seria frear os ataques aéreos das forças sírias em áreas dos rebeldes e permitir o retorno de refugiados sírios em campos na Turquia.Por outro lado, segundo o jornal, americanos negam que o plano seja direcionado contra Assad. Eles negaram também que o plano inclua uma "área de exclusão aérea".A imprensa turca, por sua vez, noticiou que se a área abranger uma região de pelo menos 40 km, ela alcançaria importantes cidades para o Estado Islâmico, como Dabiq e Manbij.Incluiria também a cidade de Al Bab onde, na últimas semanas, segundo relatos de ativistas, aviões sírios teriam despejado bombas de barril matando dezenas, incluindo civis. / NYT e REUTERS 60insurgentes opositores aoregime de Bashar Assadtêm sido treinados pelos EUA

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