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Turquia opta por diálogo com curdos do norte do Iraque

Governo turco pressiona americanos e iraquianos para ação contra presença do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) na região norte do Iraque

Por Agencia Estado
Atualização:

O Conselho Nacional de Segurança da Turquia, que reúne o Estado-Maior do país e os ministros do Governo, decidiu seguir exclusivamente a via diplomática em suas relações com os curdos do norte do Iraque. É o que assegura neste sábado, 24, a imprensa turca sobre o resultado de uma reunião de seis horas, na qual as relações com a autonomia curda do norte do Iraque e o diálogo com os políticos iraquianos dessa etnia foram discutidas. A Turquia pressiona o governo dos Estados Unidos e do Iraque para que ajam contra a presença da guerrilha do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) no norte do Iraque, onde o governo de Ancara suspeita que a organização obtém armamento e refúgio. Vínculos O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, já disse que vínculos políticos com o Governo regional do norte do Iraque poderiam ser desenvolvidos. Por sua vez, o general Yasar Buyukanit, chefe do Estado-Maior turco, disse que não estabeleceria nenhum diálogo com aqueles que fornecem armas ao PKK. "Intensificar os esforços políticos e diplomáticos pode ser proveitoso para superar as ameaças que vêm do norte do Iraque e solucionar a disputa sobre Kirkuk, como uma forma de superar a instabilidade e a tensão no Iraque", assegurou o Conselho Nacional em comunicado emitido depois do encontro. O diário Hürriyet, um dos mais importantes do país, interpretou o acordo da seguinte maneira: "O Governo convenceu os militares, que rejeitavam a idéia de conversar com os líderes curdos, e um acordo foi alcançado", informa a primeira página do jornal. A política turca para o Iraque tem três objetivos: prevenir que o norte se transforme em um refúgio para o PKK, evitar que a cidade de Kirkuk seja incorporada à região autônoma curda e não permitir o surgimento de um Estado curdo independente. Conflito A Turquia tem mais de 12 milhões de habitantes curdos e o PKK pegou em armas em 1984 para reivindicar o autogoverno. Desde então, o conflito causou cerca de 35 mil mortes. A região em torno de Kirkuk, muito rica em petróleo e que os curdos iraquianos querem incorporar a sua atual região autônoma, apesar da rejeição da população árabe e turcomana, gera tensões com a vizinha Turquia. Em 2007, deve ser realizado um plebiscito sobre a cidade. A Turquia deseja adiar esse referendo e afirma que não aceitaria a inclusão de Kirkuk, considerada por Ancara como turcomana, na administração regional curda do norte do Iraque.

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